Com o título “Valorize sempre!”, eis o artigo do acadêmico em Psicologia Almir Severo sobre o Dia de Finados e a valorização que damos às pessoas enquanto ainda estão vivas.
Ontem, 02 de novembro, foi dedicado aqueles entes queridos que nos deixaram para viver na Eternidade. O Dia de Finados, assim conhecido, é dia de recordarmos mais intensamente e dedicarmos nossas atenções especiais àqueles que fizeram parte de nossa história terrena.
É inevitável, para muitas pessoas saudosas, não empreender reflexões mais latentes, acerca do quão é tão curta a nossa passagem pela vida terrena e quanto devemos aproveitar tudo e todos que estão em nossa volta. Parece que somente os poetas conseguem atingir o ápice cotidiano dessa essência e viver o chamado “carpe diem”.
O dia dedicado àqueles que não mais compartilham da vida terrena conosco, faz com que muitos se dirijam aos cemitérios, a fim de visitar os túmulos dos seus entes queridos, levar-lhes flores e dedicar a eles momentos de orações. É momento, portanto, de recordar e chorar a falta de pessoas queridas.
Isso tudo nos leva a uma reflexão inquietante: Por que, muitas vezes, não valorizamos as pessoas enquanto as temos ao nosso lado? Por que não apreciamos a sua presença? Por que não externamos o nosso carinho devidamente? Por que não deixamos claro as suas importâncias em nossas vidas? Por que não aproveitamos a existência dos mesmos para sermos felizes?
Um ditado popular muito comum entre nós diz que “só valorizamos quando perdemos.” Por que não abraçamos, beijamos, externamos palavras de carinho e apreço enquanto podemos tocar e sentir concretamente a(s) pessoa(s)? Por que não aproveitamos para exercitar o perdão? “Romantizar” pessoas e situações após o seu nascimento para a Eternidade nem sempre é a escolha mais inteligente.
Não deixe para valorizar e respeitar alguém quando já for tarde demais.
Uma sensação incomoda é quando queremos nos expressar para o outro, seja verbalmente ou fisicamente, e não podemos mais.
Vivemos em um mundo imediatista, onde as pessoas têm pensado mais em si mesmas e menos no próximo. Tudo tem sido facilmente descartável, inclusive, as relações interpessoais.
Com a ascenção da internet, observamos que a conversa olho no olho, o diálogo direto e franco tem se tornado obsoleto. Optamos sempre pela conversa via redes sociais. Quantas vezes você estava entre familiares e amigos e notou que ali a maioria estava focada no uso do aparelho celular? Parafraseando os filósofos da contemporaneidade, uma coisa é fato: “a internet aproxima quem está longe e distancia quem está perto”.
Portanto, abrace, perdoe, ame, sorria, aproveite o hoje, aproveite as pessoas enquanto você as têm ao seu lado, pois o amanhã é incerto. Viva o seu “Carpe Diem” diário. Você já imaginou se aquela pessoa que tanto ama amanhã partisse pra Eternidade sem aviso prévio? O que você teria gostado de fazer com ela? Então, faça hoje!
“O Ser humano é estranho…
Briga com os vivos, e leva flores para os mortos.
Lança os vivos na sarjeta, e pede um ‘bom lugar para os mortos’.
Se afasta dos vivos, e se agarra em desespero quando estes morrem.
Fica anos sem conversar com um vivo, e se desculpa, faz homenagens, quando este morre.
Não tem tempo para visitar o vivo, mas tem o dia todo para ir ao velório do morto.
Critica, fala mal, ofende o vivo, mas o santifica quando este morre.
Não liga, não abraça, não se importa com os vivos, mas se autoflagelam quando estes morrem.
Aos olhos cegos do homem, o valor do ser humano está na sua morte, e não na sua vida. É bom repensarmos isto, enquanto estamos vivos!”
(Papa Francisco)
Almir Severo
Acadêmico em Psicologia