Home Ciência e Saúde Uece e Fiocruz firmam parceria para pesquisa de medicamento contra a Covid-19

Uece e Fiocruz firmam parceria para pesquisa de medicamento contra a Covid-19

FACHADA UECE;UNIVERSIDADE;SECITECE;ENSINO SUPERIOR;© DAVI PINHEIRO/ GOV. DO CEARA;

O conhecimento científico e a experiência da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (Uece) na reprodução de animais estão sendo aplicados nos esforços de combate à Covid-19. A parceria, que envolve a Uece, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Haras Claro e outras instituições do Estado, conta com apoio financeiro da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) e da Fiocruz. Os estudos para o desenvolvimento de medicamento contra a doença são realizados a partir de fragmentos dos anticorpos de lhamas.

“Realizamos a coleta do sangue desses animais para a produção de nanocorpos, partículas de anticorpos, que estão sendo utilizados na pesquisa e no desenvolvimento de um medicamento contra a Covid-19. Os anticorpos das lhamas são mais reativos ao Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19. Por isso, são muito promissores para o desenvolvimento de medicamento contra essa doença”, explica o médico veterinário e vice-reitor da Uece, professor Dárcio Ítalo Teixeira.

Os estudos estão em fase inicial, mas as expectativas são muito animadoras, tendo em vista a qualidade dos anticorpos das lhamas e a expertise das instituições envolvidas no trabalho. “A Faculdade de Veterinária da Uece, especialmente o professor Dárcio, tem muita experiência no manejo e na reprodução de animais, e a Fiocruz tem experiência na estruturação da plataforma de desenvolvimento de nanocorpos. Estamos trazendo essa plataforma para a Fiocruz Ceará, para trabalharmos em parceria com a Uece e com outras instituições de ensino e de pesquisa do Estado. Nós acreditamos que essa parceria será extremamente frutífera”, destaca a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Ceará, Carla Celedônio.

A pesquisadora explica que animais como lhamas, alpacas e dromedários, por exemplo, produzem anticorpos capazes de reconhecer de forma mais eficiente antígenos diversos, sejam antígenos virais, sejam toxinas animais, o que amplia a possibilidade de utilização no tratamento de uma série de doenças, inclusive a Covid-19. “Nanocorpos são as menores frações de anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar um antígeno. Os nanocorpos possuem cerca de um décimo do tamanho do anticorpo inteiro, da imunoglobulina G. A partir do momento que identificarmos o nanocorpo de interesse, suas propriedades, como afinidade e solubilidade, são melhoradas em laboratório para viabilizar a formulação de um medicamento. Esses insumos podem ser usados tanto para a terapêutica como para o diagnóstico da doença”, diz a pesquisadora, reforçando que, além do tratamento, a pesquisa também tem como foco o desenvolvimento de kits de diagnóstico.

Além da pesquisa com a Covid-19, a plataforma tem focado em outras doenças. “Neste momento, a gente está desenvolvendo nanocorpos contra o coronavírus, mas também buscamos esses insumos para o combate a outras doenças, como febre amarela, zika, chikungunya, toxinas ofídicas, de importância para o Brasil”, afirma Carla Celedônio.

Repórter Ceará (Foto: Davi Pinheiro)

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