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Betânia: A retomada à liderança em leite longa vida no Nordeste

Com quase 50 anos de atuação no mercado de laticínios, a marca Betânia, de propriedade da CBL Alimentos, lidera hoje o segmento de leite longa vida no Nordeste. Após ser recomprada da Parmalat em 2002, a Betânia recuperou, em um pouco mais de uma década, a relevância que possuía antes de ser vendida para o grupo italiano em 1995. Entre os ingredientes para o sucesso na retomada do espaço no mercado leiteiro do Nordeste, está o grande investimento em eficiência por meio da inovação tecnológica e a aposta no desenvolvimento sustentável.

Fundada pelo industrial Gerardo Lima em 1971 na cidade de Quixeramobim, a Betânia foi adquirida quatro anos depois pelo ex-senador Luiz Girão. Sob novo comando, ao longo de dez anos, a empresa assumiu a liderança na produção de leite pasteurizado na região, expandindo-se posteriormente para todo o Nordeste. A família Girão soube aproveitar as oportunidades geradas pelo Programa Nacional do Leite, lançado em 1985 sob o governo Sarney, fazendo a indústria crescer entre 35% e 40% ao ano, alcançando em 1995 o faturamento de 100 milhões de dólares.

Porém, a ampliação do processo de abertura do mercado nacional às empresas do capital internacional, verificada em meados da década de 90 do século passado, fez com que as atividades do setor de laticínio despencassem, levando algumas empresas à falência. Este não foi o caso da Betânia que, diante da abertura econômica e dos altos juros internos registrados no início do Plano Real, foi vendida no final de 1995 ao grupo italiano Parmalat. No entanto, sob a nova gestão, a Betânia se tornou um negócio pequeno, ficando sete anos fora do mercado.

A Parmalat desestruturou os setores de produção e captação de leite, estimulou a atividade de atravessadores e não conseguiu honrar os compromissos firmados na venda. Mas, em meados de 2002 a empresa negociou a devolução da marca “Betânia”, e de algumas unidades operacionais que estavam paralisadas, aos antigos proprietários que, por meio da CBL Alimentos, administrada por Bruno Girão, filho de Luiz Girão, retomou as atividades no setor leiteiro.

Desde a “recompra”, o empresário Bruno Girão tem buscado adotar novas tecnologias que aumentem a eficiência da produção e, consequentemente, o lucro, ao passo que elevem a qualidade dos produtos mantendo os menores preços ao consumidor. Um exemplo de ação neste sentido é a adoção recente de um software israelita que fez o nível de corte de produtos (pedidos que chegam a empresa mas que não são faturados) cair de 12% para 4%. Outro exemplo é a compra de equipamentos com o menor gasto de energia além da atenção especial dada à Logística, visando melhorar a arrumação e a distribuição dos produtos.

A empresa também tem se mostrado comprometida com o desenvolvimento sustentável. A empresa tem empreendido esforços para diminuir o consumo de água através do reuso. Na unidade de Pernambuco, por exemplo, a água resultante do processo de fabricação do leite condensado é reutilizada para lavar pisos e resfriar equipamentos. Além disso, a energia consumida é renovável, comprada no mercado livre.

Atualmente, outros desafios se interpõem ao progresso da Betânia. O leite em pó, por exemplo, corresponde a aproximadamente 65% do produto consumido no Nordeste. Outro desafio é a ampliação e manutenção da captação de leite, dificultada pelas constantes secas. Mas, apesar dos obstáculos, a empresa ainda tem grandes oportunidades. De acordo com dados de 2015, o leite longa vida é comercializado em apenas 16 mil dos 150 mil postos de venda da região, número que representa meros 6% do total.

A empresa precisará ampliar a captação de leite se quiser conquistar o imenso número de postos de venda que ainda não comercializam leite longa vida. Com essa conquista, virão, na sequência, os consumidores de leite em pó – se realizados esforços para o aumento da qualidade do produto e investimento em marketing.  Em 2015, a Betânia reassumiu a liderança em leite longa vida no Nordeste. Eficiência, desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica devem transpor as barreiras atuais e aumentar ainda mais a relevância da empresa na região.

 

Editorial do Repórter Ceará

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