O secretário de Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, afirmou na manhã desta terça-feira, 19, que resolveu o colapso que existia dentro do sistema penitenciário do Estado. Ele se defendeu das acusações de que havia criado um colapso na segurança pública. O secretário defende que começou a trazer ordem ao enfrentar o problema da insegurança e desorganização dentro dos presídios.
“Falar que eu provoquei um colapso? Eu resolvi um colapso. As cadeias, a população não tinham segurança. Os agentes não tinham segurança”, afirmou.
Mauro Albuquerque foi o pivô da onda de ataques criminosos no Ceará, iniciados em janeiro deste ano, de acordo com o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa. Desde o dia 2 daquele mês até o dia 4 de fevereiro, ocorreram 261 ataques em 50 dos 184 municípios cearenses. “Só a indicação dele já causou essa reação dos criminosos. O Governo do Estado do Ceará já conhecia o trabalho do secretário no Rio Grande do Norte. Obviamente também a criminalidade já conhecia já que é um estado vizinho e próximo”, afirmou Costa.
Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações contra ônibus, prefeituras e prédios públicos partiram de presidiários. De acordo com informações mais recentes da Secretaria da Segurança Pública do Ceará, 461 suspeitos foram detidos.
Preso não tem ‘falta de liberdade’
Mauro Albuquerque também afirmou que os detentos do Estado tinham regalias, o que foi retirado.
“A primeira coisa que o preso perde quando vem para a cadeia é a liberdade dele. E isso quem determina é o Judiciário. O problema é que não tinha essa falta de liberdade. Muito pelo contrário”, disse em entrevista a uma rádio de Fortaleza.
Segundo o secretário, já foram fechadas 92 cadeias em todo o Ceará e cerca de 4 mil detentos foram transferidos, a maioria para a capital. Vistorias nas celas apreenderam mais de 3,2 mil aparelhos celulares. Entretanto, nenhuma arma de fogo foi encontrada nas cadeias.
Mauro fez questão de destacar que, com o sistema prisional organizado e, em poder do Governo do Ceará, os presos não têm como comercializar armas e drogas como ocorria anteriormente.
‘Centro para ganhar dinheiro’
A vigilância inibe ilegalidades dentro das cadeias, segundo o secretário. “Antes, eles vendiam câmeras, existiam centrais de extorsão via telefone, o que a gente chama quando [bandidos] contam historinhas para depois [a vítima] dar dinheiro. Era um centro para ganhar dinheiro. Hoje não tem porque a gente tá lá dentro. Dentro do sistema penitenciário com vigilância aproximada. Ou seja, o agente está 24 horas dentro da galeria junto com o preso. Então, não dá muito espaço para ele ter essa liberdade que ele tinha antes”, disse.
Visitas canceladas
O secretário avaliou também a possibilidade do retorno das visitas íntimas em algumas unidades. Para Mauro Albuquerque, esse tipo de visita é uma regalia e o detento terá que fazer por merecer.
“Primeiro [a visita íntima] não é um recurso legal. É uma concessão do Estado. Uma regalia. Se tomou como sendo um direito absoluto. Segundo, o Brasil é um dos poucos países no mundo que tem visita íntima”, disse. Albuquerque afirmou ainda que dentro das unidades não existem lugares próprios para isso, o que propicia casos de estupros práticas sexuais na frente de crianças.
“O grande problema do sistema penitenciário é justamente isso. Não tem um local específico, há estupros, há sexo na frente de crianças, dentro das celas. Ou seja, não é uma coisa que o Estado pode admitir”, destacou .
Albuquerque quer estabelecer nos presídios uma “doutrina” para permitir regalias a presos com bom comportamento. “Nós vamos visualizar isso ai. Como vamos fazer para poder criar uma doutrina como realmente uma regalia que seja merecida, ou seja, quem fizer por onde vai ter. Se em seis meses não tiver cometendo nenhuma situação, a gente vai visualizar essa possibilidade”, avaliou.
Repórter Ceará com informações do G1-CE