Um caso raro de gêmeas deixa profissionais de saúde intrigados em Redenção, no sul do Pará. As irmãs nasceram há seis meses, não esboçaram reação e os médicos classificam o caso como “comatoso”, quando o paciente tem apenas reflexos primitivos e está em sono profundo. O hospital onde as duas estão internadas ainda não conseguiu chegar a um diagnóstico, mas especula que as pacientes têm um caso raro de “erro inato do metabolismo”.
Desde que nasceram, Ana Júlia e Ana Sofia não acordam e também não conseguem respirar sem a ajuda de aparelhos. A alimentação delas é feita por sonda gástrica. “O hospital está realizando um estudo sobre isso para determinar qual é realmente a doença. Erro inato do metabolismo foi o diagnóstico por exclusão, mas não é o definitivo. Estão muito comatosas. Elas só têm os reflexos primitivos. Elas não acordam. Elas têm convulsões constantes”, relatou a médica Helena Coelho, pediatra intensivista da UTI.
A médica explicou que o quadro de erro inato do metabolismo é quando o organismo não produz nem organiza o processo de formação das enzimas. “É uma doença genética que pode ter resultado de várias outras coisas, de glicose, e fatores que comprometam o metabolismo. O paciente tem o quadro neurológico afetado, comprometimento da respiração e quadro comatoso. Mas, como disse, não temos nada fechado. A gente tem que fazer exames mais específicos que não temos como fazer no nosso hospital”, diz Helena.
Apesar de o hospital ter um laboratório próprio e equipado, o diretor técnico do hospital, Rodolfo Skrivan, disse que a unidade não dispõe de alguns exames genéticos que poderiam esclarecer a situação. “Estamos em contato com outros serviços, outros hospitais em Brasília e no Rio Grande do Sul, que trabalham com pesquisa nessa área, mas precisamos de uma ajuda porque ainda não se chegou a um diagnóstico”, reiterou. O G1 questionou à Secretaria de Saúde Pública (Sespa) se o hospital pretende fazer a transferência, mas ainda não obteve resposta.
A mãe, Luana Tintiliano da Silva, passou por uma cirurgia de apêndice quando estava grávida de três meses, além de ter sido diagnosticada com miomas no útero. Os médicos descartam qualquer relação da cirurgia que a mãe passou durante a gravidez com o quadro atual das crianças.
Mesmo após o parto, Luana disse que não tem dormido regularmente. Ela fica em uma cadeira reclinável onde passa a noite enquanto acompanha as gêmeas no hospital. Os médicos ainda não explicaram a causa da falta de sono. Ela disse que já chegou a ficar até cinco dias sem dormir.
“Eu tinha miomas no útero e não sabia que estava grávida. Comecei a passar mal e fui para o hospital. Chegando lá descobri que estava grávida de gêmeas. Eu sentia muita dor na barriga e os médicos não entendiam o motivo. Então, decidiram abrir a minha barriga para encontrar a causa. Fui avisada do perigo desse tipo de cirurgia, principalmente porque eu estava grávida e isso nunca tinha sido feito em Redenção”.
Quando a cirurgia foi feita, os médicos constataram a apendicite. “Eu fiquei bem após a cirurgia e até o nascimento das crianças, que nasceram aos oito meses por decisão médica. Quando elas nasceram, as meninas não choraram, e isso assustou os médicos. Elas não se mexiam, não esboçaram nenhuma reação. Tinha uma mulher no laboratório que disse ficou impressionada, não estava entendendo porque elas não se mexiam”, contou Luana.
Repórter Ceará com G1-Pará