O partido Novo lançou 37 pré-candidatos para prefeituras em 2020, dentre os nomes, apenas uma é do sexo feminino. O partido abriu um processo seletivo para escolher os candidatos. Economista, engenheiro, gestor, empresário e advogado são algumas das experiências profissionais dos selecionados.
Ao todo, houveram 471 inscrições, destas apenas 34 eram mulheres, cerca de 7,2% do total de inscritos. Para passar para a segunda fase, foi exigido dos candidatos uma experiência mínima de oito anos na gestão privada ou pública, além de experiência de gestão de equipes, capacidade analítica e liderança.
Foram classificados 175 candidatos para a segunda etapa, sendo que apenas seis eram mulheres. Duas destas acabaram desistindo.
Para participar desta fase os candidatos precisaram pagar uma taxa que variou de R$ 4.000,00 a R$ 2.000,00, a depender da cidade. O pagamento da taxa foi destinado a cobrir os custos da empresa contratada para gerenciar o processo seletivo.
Esta etapa tinha por objetivo fazer entrevistas de profundidade para avaliar a capacidade analítica, de liderança, experiência cultural, profissional e poder de gestão de equipe dos candidatos. A banca contou com membros de uma empresa de RH especializada em contratação de executivos e, nas cidades onde a empresa não tinha sede, foram enviadas profissionais indicados pelo Novo, que foram treinados pela empresa.
Desta vez, os candidatos ficaram frente a frente com membros da executiva nacional do partido e do departamento de apoio ao candidato. Segundo o responsável pelo Departamento de Apoio ao Candidato e coordenador do processo seletivo, Ubiratan Guimarães, a banca contou com 40% de participação feminina.
Para a banca, os candidatos fizeram apresentações sobre suas carreiras profissionais, diagnósticos da cidade a qual pretendiam pleitear a prefeitura e propuseram algumas soluções que entendessem como prioritárias para a cidade. A banca fazia questionamentos por 40 minutos aos candidatos.
Ao termino de todo o processo, apenas uma mulher conseguiu se pré-candidatar pela sigla. Juliana Benicio vai concorrer para a prefeitura de Niterói. Ela é mestre em economia e doutora em engenharia de produção. Tem 15 anos de experiência em gestão educacional e atua como coordenadora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e como avaliadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC).
Questionado sobre o motivo que pode ter levado Juliana a ser uma exceção nas candidaturas municipais da sigla, Ubiratan Guimarães ressaltou que “a própria carreira executiva é uma carreira que as mulheres acabaram sendo incorporadas à pouco tempo” e para ele, este pode ser o motivo que levou a pouca procura de candidatas ao pleito.
“Eu acho que ainda para a mulher assumir um cargo executivo público, a decisão tem um peso maior dentro da estrutura familiar dela. Para a mulher, a avaliação ainda é um pouco mais pesada do que a avaliação que o homem faz”, disse o coordenador, que acredita que o número de candidatas para os cargos de vereadores será muito maior.
“O processo seletivo é rigoroso, porque nós não podemos correr o risco de ter pessoas desalinhadas, que não tenham incorporado os valores do Novo”, concluiu.
Espaço da mulher na política
O resultado gerado pelo processo seletivo do Novo não é exceção. O Brasil ocupa a 161ª posição no Ranking de Presença Feminina no Poder Executivo, dentre os 186 países analisados pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI) – 2018.
O país ocupa 134º lugar em representatividade feminina no parlamento. Estes números coloca o Brasil atrás do Ubesquistão, Arábia Saudita, Marrocos, Venezuela e Cingapura, por exemplo.
Repórter Ceará – Congresso em Foco