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O vírus, a economia e a vida

Eu não tenho dúvidas de que estamos vivendo um dos momentos mais complicados da história recente, em que uma série de decisões delicadas estão tendo que ser tomadas de forma rápida e efetiva por nossas lideranças políticas, enquanto uma grave crise avança em uma velocidade cada vez maior, desafiando a nossa capacidade de dar a resposta correta no tempo certo.

E um dos grandes dilemas que têm sido apontados pelos nossos tomadores de decisão é a necessidade de ter que escolher entre parar a economia e reduzir a velocidade de disseminação do vírus através do isolamento social, ou permitir que a economia funcione normalmente e se isole somente os indivíduos que integram o grupo de risco.

Aqueles que defendem essa segunda opção, apontam que os danos econômicos de um isolamento social – como o que tem sido feito no país – serão muito maiores do que os danos causados pelo próprio vírus. Por isso, se tornou comum ouvir dessas pessoas que o remédio não pode ser pior que a própria doença.

Isso é verdade, mas o grande problema é que, em outras partes do mundo, a doença provocada pelo novo coronavírus se mostrou infinitamente pior do que o remédio do isolamento social usado para combatê-la. O caso mais emblemático é o da Itália, que havia se recusado a parar a economia, mas em pouco tempo colheu os amargos frutos dessa postura irresponsável.

Está correto quem diz que não há saúde na miséria, mas, por outro lado, é preciso destacar também que não há prosperidade sem saúde e que é praticamente impossível isolar somente os que integram o grupo de risco, que somados, ultrapassam a casa dos 30 milhões de brasileiros.

É muita ingenuidade acreditar que a economia voltará a funcionar normalmente com tantas pessoas enfermas, enlutadas e preocupadas com um vírus do qual ainda pouco se sabe e para o qual ainda não existe qualquer vacina, medicamento ou tratamento cuja eficácia tenha sido cientificamente comprovada.

Não é à toa que médicos e cientistas de todo o mundo têm defendido o isolamento social como a forma mais efetiva de se combater esse vírus, que tem se mostrado capaz de arruinar não apenas a economia, mas o sistema de saúde de vários países, que estão tendo que escolher entre quem viverá e quem morrerá.

É certo que não podemos ignorar a realidade de milhões de brasileiros que estão sendo prejudicados pela paralisação das atividades econômicas. Mas a solução para esse problema não está no fim do isolamento, mas sim na ajuda governamental, que deve evitar que os mais vulneráveis passem fome.

Em face de tantas dificuldades, e num tempo em que a união política se faz tão necessária, é de se lamentar que muitos tenham preferido apostar em divisões mesquinhas, que só atrasam a urgente resposta que deve ser dada pelo País. Mais do que nunca, os nossos governantes precisam chegar a um consenso e unificar as suas ações de modo a reunir as forças necessárias ao enfrentamento desse inimigo que é invisível, mas também é real.

1 Minuto com Sérgio Machado

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