Morreu em julho, vítima 50 da Covid-19, para mim, o maior servidor que este município de Quixeramobim pudera um dia ter tido o privilégio de contar: Seu Fernando Coveiro.
O homem simples, com sua gagueira peculiar e de fácil trato, era a figura mais conhecida no campo Santo de nossa cidade. A imagem dele sentado nas proximidades na porta do cemitério me remete ao comum dos sensos do que ainda me representa Quixeramobim.
Aos domingos, quando morava com minha mãe, a cada 15 dias a ida ao cemitério era rotina. Visitar o túmulo do meu avô que nunca tive o prazer de conhecer, mas de amar pelo amor de minha mãe. Fernando, o ‘Coveiro’, era troca de palavra sempre nesse encontro no campo Santo.
Nunca precisamos do serviço de Fernando, graças a Deus, mas o ‘Coveiro’ já serviu demais. Muito além do que lhe fora contratado. Precisou, ali estava. A dor por sua partida foi como se um meu tivesse ido. Acho que Quixeramobim ainda precisa homenagear este homem. Reconhecer o esforço de uma vida por aquele espaço. Sugiro uma placa com seu nome, uma lembrança de sua importância pela preservação do Cemitério Nossa Senhora do Carmo, para que nunca esqueçamos de que ali, para todo o sempre, terá o seu suor.
Fernando, sua vida de servidão deve continuar viva como exemplo de servir, muito mais do que ser servido.
Foto: Elistênio Alves/Arquivo/SMC
Elistênio Alves
Comunicador, presidente da ONG. IPHANAQ, integrante da Fundação Canudos e AQUILetras. Graduado em Letras Espanhol pela Universidade Federal do Ceará.