Com o título “O serviço público e a eleição”, eis o comentário do professor e 1º Tenente da PMCE, Luís Carlos Paulino, sobre as duas últimas eleições e o servidor público. Confira:
Como dissemos ontem, o jogo já foi jogado. A eleição, decidida. E o que é possível se observar neste momento? Servidores públicos concursados e aspirantes a servidores temporários (que sequer sabem se virão a ocupar funções no futuro governo) já se arvorando os donos de determinadas cadeiras. Vejo, igualmente, bajuladores profissionais e incompetentes de carteirinha já se considerando legítimos proprietários de fatias da administração municipal. Não há novidades nisso, convenhamos. Historicamente tem sido assim, aqui e alhures.
Entretanto, se quisermos enxergar algo de novo na nossa política, atentemos para um detalhe: nas últimas duas eleições municipais (2016 e 2020), os eleitores de Quixeramobim optaram por não reeleger prefeitos em exercício, os quais, mesmo com a “máquina na mão” e dela se utilizando às escâncaras, foram derrotados. Uma das razões para isso, talvez resida no fato de que essa “máquina”, que deveria se esmerar em bem servir à população, nem de longe tem atuado dessa forma. Ignorando a máxima “servir bem para servir sempre”, os dois últimos gestores municipais não tiveram seus contratos renovados!
SERVIDORES PÚBLICOS, como é possível se deduzir da própria denominação que recebem, devem estar a postos para SERVIR. Não são senhores do poder e nem donos de determinadas salas, cadeiras ou birôs. Ressalte-se que ninguém estará diminuído em sua estatura moral por se dedicar a servir e a fazer isso com abnegação e com profissionalismos! Ao contrário, há muito do que se orgulhar em exercer bem esse mister! A mais honrosa das ocupações, já se disse, “é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas”.
Dentro desta reflexão, lembro-me que agora em dezembro completarei trinta e um anos de serviço público. Perdi a conta dos locais onde trabalhei. Municípios, certamente já trabalhei em quase metade dos que compõem o nosso Ceará! Conheci e já tive momentaneamente sob minha responsabilidade, muitas estruturas disponibilizadas para o exercício do serviço público. Sempre tive o cuidado de sequer expor uma foto da família sobre o birô provisoriamente à minha disposição – até mesmo para não me sentir tentado a achar que o birô ou qualquer outra coisa naquela repartição pública seria de minha propriedade. Nada contra quem expõe a foto no birô, no meu caso, sempre foi apenas mais uma precaução, uma cautela para não me sentir o dono. Nunca foi “o meu birô”. Nunca foi “a minha sala” ou “o meu gabinete”. Essas particularidades podem ter lugar na minha casa, e não em estruturas destinadas à prestação do serviço público.
Quixeramobim tem muitos servidores de qualidade em seus quadros. Que eles sejam contemplados com oportunidades! Que os colaboradores temporariamente inseridos na máquina pública compreendam que não são os “novos donos” e, com essa consciência, se dediquem a azeitá-la, a aperfeiçoá-la, tornando-a minimamente eficiente. Que a prestação do serviço público seja continuamente otimizada e que, ao final de mais quatro anos, o povo possa, com toda a autonomia, avaliar se os contratados merecem ou não uma renovação de contrato.
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