A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou o projeto 64/2019, de autoria do vereador Ronivaldo (PT), que denomina uma rua, localizada no bairro Bom Jardim, de “Dandara Ketley”.
Dandara virou símbolo da resistência contra o genocídio trans no Brasil. A travesti foi assassinada de forma bárbara em fevereiro de 2017 por um grupo de jovens. O crime teve repercussão internacional após as imagens das agressões circularem nas redes sociais.
“Dandara faz parte de uma triste estatística, que coloca o Brasil como país que mais mata LGBTI’s no mundo e nos sentimos na obrigação de registrar na memória da cidade seu nome, para que nunca esqueçamos o direito à dignidade e o respeito que devemos ter com essa população, que é negligenciada pelo poder público”, justificou o vereador autor do projeto.
Segundo o decreto Legislativo, denominar um logradouro de município com o nome de uma travesti que sofreu uma grave violência, ao ponto de ter ceifada a vida, é valorizar as pessoas vulneráveis de nossa população, vítimas de uma estrutura racista, LGBTfófica, misógina e patriarcal. A proposta é, com essa memória e homenagem, conscientizar sobre a necessidade de políticas públicas que promovam a proteção e a cidadania de todas e todos. A história de Dandara se confunde com a história de tantas outras mulheres trans que perderam a vida pela intolerância e desrespeito às diferenças.
Para Mitchele Meira, da Liga Brasileira de Lésbicas e do Fórum Cearense LGBT, é preciso enfrentar a LGBTfobia com ações afirmativas, pois a memória é uma fonte importante para que não aconteçam as atrocidades contra as populações historicamente discriminadas. “O caso Dandara não pode ser esquecido, é simbólico e justo lembrar o que aconteceu em forma de homenagem e de resistência, por isso a comunidade LGBTI agradece e apoia essa ação”, disse Meira.
O segundo estado mais letal
O Ceará está entre os cinco estados com mais mortes de pessoas trans entre um de janeiro e 31 de outubro de 2020. O estado é o segundo mais, com 19 casos. Só perde para São Paulo, com 21 assassinatos. Os dados são da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
Repórter Ceará (Foto: Arquivo pessoal)
O nobre vereador apenas esqueceu de dizer quem foi a pessoa que o procurou para que este executasse o projeto. Sou Vitória Holanda autora do livro O casulo Dandara. Há um ano e meio o procurei para que houvesse a mudança do nome da Rua e este então entrou com projeto na câmara dos vereadores. Triste ver que o nobre colega esqueceu de mencionar em suas entrevistas o fato genuíno.