O repente, cantoria baseada em versos rimados e improvisados feita por dois cantores, com origem no Nordeste, é oficialmente um patrimônio cultural do Brasil. O reconhecimento foi aprovado nessa quinta-feira, 11, por unanimidade pelos 22 integrantes do Conselho Consultivo do Patrimônio Nacional, órgão do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O processo no instituto começou em 2013, quando a Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno entrou no Iphan com um pedido de registro do repente no patrimônio cultural. Depois disso, o Iphan passou a trabalhar em um dossiê para descrever e documentar a arte.
Com o reconhecimento oficial, o repente passará a integrar o Livro de Registro das Formas de Expressão de bens culturais imateriais do país. Nele estão catalogadas manifestações da cultura popular como a roda de capoeira, o maracatu nação, o carimbó, matrizes do samba e a literatura de cordel, entre outras.
A medida também facilita o acesso do repente e dos repentistas a políticas públicas que ajudem a manter e divulgar a arte, associada à identidade cultural nordestina. “É uma poética popular, representativa do povo nordestino e das lutas do Nordeste”, disse o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Tassos Lycurgo, à Inter TV, do Rio Grande do Norte.
Segundo o repentista potiguar Felipe Pereira, o repente surgiu há cerca de 200 anos no Nordeste, na Serra do Teixeira (Paraíba). De lá, começou a ser ouvido no Vale do Pajeú, em Pernambuco, e no Vale do Seridó, no Rio Grande do Norte, expandindo depois para toda a região e outros estados do país junto com imigrantes nordestinos.
O reconhecimento do repente inclui estilos e formas diversas da cantoria, como a embolada com pandeiro — que popularizou a dupla Caju e Castanha —, o aboio dos vaqueiros no sertão, as mesas de glosa e a declamação.
Repórter Ceará – Nexo Jornal (Foto: Ricardo Moraleida)




