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Editorial: As questões que permeiam a desmobilização da adutora do Pedras Brancas para o Fogareiro

Na última semana, a adutora desativada que levou água do açude Pedras Brancas até Quixeramobim para abastecimento da sede urbana, entrou no hall de assuntos discutidos na região após o episódio do furto dos canos, que fez a Polícia Civil iniciar uma investigação e prender quatro pessoas. O tema, então, enveredou pela questão de responsabilidade sobre quem cuida do equipamento e a necessidade de mudança de reservatório.

Há semanas foi anunciada a desmobilização da adutora do açude Pedras Brancas para o açude Fogareiro, localizado na zona rural de Quixeramobim. Desde então, o equipamento estava inoperante, já que a tubulação seria reaproveitada. A partir disso, munícipes questionaram sobre a viabilidade da ação, do ponto de vista do volume armazenado, já que a adutora seria retirada de um reservatório de 456 milhões de metros cúbicos para outro com 118 milhões de m³ de capacidade.

A administração municipal de Quixeramobim, através do SAAE, é a responsável pelo gerenciamento do equipamento. Nesse sentido, a responsabilidade pelo desmonte da adutora recai sobre ela, o que levanta o argumento de que o processo de desmobilização deveria ter sido iniciado ainda em 2021, a fim de evitar algum problema como o que ocorreu na semana passada, bem como a deterioração dos tubos, expostos às altas temperaturas da região e às chuvas da pré-estação, gerando processo de dilatação e retração térmica e desgaste do material, que não foi barato.

À luz do abastecimento hídrico, o desmonte da adutora não resolverá o problema de água da cidade, afinal, ela foi montada com esse intuito, ainda na gestão do prefeito Cirilo Pimenta. Para melhor exemplificar o fato, o Pedras Branca conta, hoje, com 13 milhões de m³ disponíveis, enquanto o Fogareiro está 4,26 milhões de m³. Obviamente que a cidade ainda conta com a barragem, mas esta se encontra com menos de 1 milhão de m³ até o momento em que esta opinião é escrita. Assim, considerando que a temperatura na região é alta e não foi registrado aporte significativo em nenhum reservatório citado, espera-se que tenham sido considerado os níveis de evaporação da água e da demanda hídrica da cidade, em uma margem de erro confiável.

Desse modo, recai sobre os ombros do poder público e do SAAE a cobrança de que se faça funcionar o novo equipamento que será montado, também, com os canos reaproveitados. Se não, todo o dinheiro investido em ambas as adutores descerá pelo ralo do desperdício, o que não convém ao momento econômico do Brasil.

Ademais, ter responsabilidade na administração e gerenciamento da adutora deve estar em voga em todos os momentos, sempre observando como se encontra a tubulação e evitando chegar a um desgaste excessivo para que alguma atitude seja tomada para resolver qualquer problema de vazamento no trecho que liga o reservatório até a Estação de Tratamento de Água (ETA) do SAAE.

O cuidado é extremamente necessário em um equipamento tão delicado, do ponto de vista econômico e estrutural. É crucial a atenção com tamanho investimento para que, dentro de meses, ele não vire uma simples sucata no meio do sertão.

Foto: Reprodução/SerTão TV

Editorial do Repórter Ceará

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