Mulheres em todo o mundo estão descobrindo que é possível conceber e dar à luz a um filho saudável, mesmo após passarem por um tratamento contra o câncer. Situação que pode acontecer também com homens que recebem um diagnóstico e mesmo assim, desejam projetar uma família com filhos biológicos.
Atualmente as formas mais utilizadas para tratar a doença, envolvem a quimioterapia, a radiologia e a cirurgia e embora certos métodos possam afetar a fertilidade de alguns pacientes, existem opções que podem contribuir com a realização desse sonho.
De acordo com a oncologista clínica do Oncocentro/Rede D’or e CRIO, Dra. Luciana Campos, é muito importante que o paciente converse com o médico a respeito dos seus desejos, incluindo a vontade de ser mãe ou pai. “É muito comum o paciente chegar no consultório e só falar de tratar a doença, o que é correto. Mas em meio a tensão e ansiedade, é fundamental que tudo seja esclarecido. A vontade de ter filhos é uma questão que não pode ser escondida, pois quando a pessoa pretende engravidar, ela precisa mencionar esse desejo para que sejam tomados alguns cuidados, como antes de iniciar uma quimioterapia, que é um tratamento que pode afetar a fertilidade dos pacientes”, afirma a médica.
Ainda segundo Luciana, antes do tratamento contra o câncer, muitas mulheres têm a oportunidade de preservar sua fertilidade através do congelamento de óvulos ou tecido ovariano. “Essas opções oferecem esperança e a possibilidade de realizar o desejo de ser mãe no futuro. Assim como no caso dos homens que também podem fazer o congelamento de sêmen”, explica.
Além disso, avanços na área da medicina reprodutiva, como a fertilização in vitro (FIV) e a doação de óvulos, permitem que muitas mulheres superem os desafios de conceber após o câncer. Essas opções oferecem às sobreviventes a oportunidade de criar uma família e experimentar a alegria da maternidade.
No entanto, a gravidez após o câncer não é apenas uma jornada física, mas também emocional. Muitas mulheres enfrentam medos e preocupações durante essa fase. A possibilidade de uma recidiva, os efeitos colaterais do tratamento e a preocupação com a saúde do bebê são questões que podem causar ansiedade. Mas como esclarece a oncologista, “não há nenhum risco para o bebe após o tratamento de câncer. Em alguns casos, existem mulheres que mesmo estando grávidas continuam fazendo o tratamento, o que não é muito indicado. Mas como cada caso é um caso, o que acaba se tornando primordial, é que essas mulheres recebam um apoio adequado, tanto médico quanto emocional, durante todo o processo da gravidez. A atenção de familiares também contribui bastante para que haja tranquilidade durante todo esse período”, afirma Campos.
Segundo estudos elaborados por especialistas oncológicos, o tratamento contra o câncer de mama, por exemplo, pode causar infertilidade nas mulheres em pelo menos 40% a 50% dos casos. Mas vale reforçar que essa análise pode mudar de acordo com a idade da paciente e os procedimentos realizados. Mulheres mais jovens têm mais chances de conseguir recuperar a fertilidade natural e assim, conseguir ressignificar os dias difíceis em uma jornada única e especial.
Repórter Ceará