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Você sabia que os templos católicos de Quixeramobim já foram locais de sepultamento?

Isso não era exclusividade daqui, acontecia no Brasil e no mundo.

A ideia por trás dessa prática consistia em manter os mortos próximos aos locais de oração, a fim de obter a intercessão dos santos por suas almas. Tal costume teve início na Europa Medieval e foi implantado no Brasil desde a colonização pelos portugueses.

João Brígido escreveu: “Compreende-se como devia afetar os cérebros, sobretudo a noite, a inalação de emanações cadavéricas, condensadas no pequeno recinto, que fazia de cemitério há mais de 70 anos”

A preocupação com os efeitos das “emanações cadavéricas”, também conhecidas como miasmas, sobre a saúde da população, levou a Câmara Municipal a proibir a construção de residências próximas às Igrejas, em ofício de 11 de abril de 1840: “a Câmara ainda tem motivo para não consentir levantar casas no lugar em questão, e vem a ser: – estar ele entre duas Igrejas, e principalmente a matriz, que fica a barlavento e onde se enterram os corpos dos que morrem (…) não pode por isso de ser pouco salubre, recebendo todas as exaltações pútridas que emanarem das Igrejas, no tempo do verão, quando o calor é mais extenso e os ventos são constantes”.

Devido a recomendações sanitárias e ao contexto epidêmico brasileiro do século XIX, o costume de sepultar nas igrejas foi sendo encerrado a partir de 1850, enfrentando a resistência da população que temia o afastamento dos templos.

O Vigário Antônio Pinto de Mendonça relatou que até o ano de 1854 Quixeramobim não possuía cemitério. No mesmo ano, o presidente da Província (cargo que corresponde ao de governador) Pires da Mota ofereceu verbas ao Vigário para reparos na Matriz, e o religioso respondeu que preferia investir na construção de um cemitério. Para “desvanecer preconceitos ou repugnâncias por parte da população”, o vigário foi abençoar de forma solene o local destinado para as obras. Outros religiosos que contribuíram para a liderança das obras foram: o coadjutor Pe. José Jacinto Bezerra Borges de Menezes, o missionário Pe. Agostinho Ferreira Montanha e o Frei Caetano de Messina, vindo de Pernambuco. A população participava das obras carregando materiais de construção e existem relatos de que eles ficavam mais leves com a bênção do Frei.

Foto: Emiliano Souza

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