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O que o fechamento de livrarias e a abertura de farmácias querem nos comunicar?

Duas tendências vêm chamando atenção: o fechamento de livrarias, sejam elas grandes ou pequenas, e o crescente aumento do número de farmácias pela cidade. Em menos de seis meses, em Fortaleza, as livrarias Saraiva e Lamarca anunciaram o fim de suas atividades. E, com certeza, você acompanhou a construção de uma nova farmácia na sua região. Como esses dois fenômenos aparentemente desconexos estão moldando nosso varejo, comércio de rua e, acima de tudo, nossa população?

De acordo com o Anuário Nacional de Livrarias, da Associação Nacional de Livrarias (ANL), o Ceará é o estado com maior número de livrarias do Nordeste, com 71 estabelecimentos. Ao mesmo tempo, segundo dados do Conselho Regional de Farmácia no Ceará (CRF-CE), em 2018, Fortaleza já contava com quase 820 farmácias e drogarias; praticamente uma farmácia para cada 3,2 mil habitantes. Ou seja, são 10 vezes mais farmácias do que livrarias.

Livrarias independentes, que eram os pulmões culturais de muitas comunidades, estão perdendo terreno para a concorrência de gigantes do varejo on-line. Como podemos continuar promovendo a leitura e a cultura, ao mesmo tempo que as livrarias desaparecem das ruas de nossas cidades?

Enquanto as livrarias encolhem, as drogarias se multiplicam. Uma rápida caminhada pelas ruas revela o que parece ser uma farmácia em cada esquina. E é também preocupante o número de pessoas que se automedicam. Em 2022, 89% das pessoas a partir de 16 anos tomam remédios por conta própria ou indevidamente. Como garantir que as farmácias continuem desempenhando seu papel essencial na saúde pública sem fomentar práticas prejudiciais?

O fechamento de livrarias e o aumento de farmácias são sintomas de mudanças sociais mais amplas. São questões sem respostas concretas. Mas uma coisa é certa e urgente: devemos refletir sobre como equilibrar essas tendências para garantirmos que valores como leitura, cultura e saúde sejam preservados. Nosso futuro coletivo depende de como respondemos a esses desafios e como moldamos nossa sociedade.

Foto: Yuri Allen/Especial para O Povo – Livraria Lamarca

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