A população de Banabuiú, no Sertão Central, está preocupada com a forma como tem atuado uma fábrica da Libra – Ligas do Brasil S/A, empresa de eletroaço pertencente ao grupo Carbomil, criada para produzir Ferro Silício 75%. O produto é obtido a partir da mistura de quartzo e hematita (minério de ferro), através de fusão por aquecimento em forno a arco submerso. A preocupação é em relação à falta de filtro nas chaminés, que permite a passagem de pó de carvão, e à emissão de poluentes para a atmosfera.
De acordo com um dos moradores que relatou o caso ao Repórter Ceará, a fumaça que sai das chaminés da indústria atinge toda a cidade, mas principalmente o bairro Alto Alegre. “Está uma coisa séria, absurda. Além da Libra não ter o filtro para filtrar o pó de carvão que está indo para a população, eles não se manifestam em relação a isso”, destacou.
Em seu relato, o morador ressaltou que há casos de desenvolvimento de doenças respiratórias e de pessoas doentes por conta do pó de carvão. Há também, segundo ele, suspeita de óbito resultante da poluição atmosférica industrial causada pela Libra.
“Parece que de madrugada eles aumentam a produção e a fumaça circula a cidade inteira. Fica tudo parecendo um nevoeiro. Segundo informações de dentro da própria empresa, eles não possuem interesse em comprar um filtro. Eles têm interesse em fazer um novo forno e adicionar mais três chaminés”, afirmou.
Imagens enviadas ao RC mostram a fumaça e o pó de carvão que atinge as residências que ficam no bairro mais próximo da siderúrgica.
“Estão nos matando aos poucos”, disse o morador, que continuou: “Acredito que nenhum vereador, principalmente o prefeito, vai se manifestar em relação a isso. Porque, querendo ou não, a Libra paga um imposto absurdo para a Prefeitura de Banabuiú e tem muitos funcionários do município.”
No relato, o morador informou que procurou a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), braço operacional da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), para tratar do assunto. Ele relatou o caso e, em resposta, a Semace informou que “uma equipe de fiscalização esteve em vistoria na empresa Libra na primeira semana do mês de outubro”. A equipe informou que “não houve a constatação de poluição atmosférica naquele momento”.
Ainda de acordo com a Semace, a empresa possui licença para a atividade de siderurgia através da Licença de Operação (LO) nº 407/2020, emitida pela Diretoria de Controle e Proteção Ambiental (DICOP) em 12 de agosto de 2020, sendo válida até 11 agosto de 2026. Porém, em consulta ao acervo de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA) da Superintendência, não há nenhuma licença ambiental emitida para a Libra – Ligas do Brasil S/A para atuação no município de Banabuiú.
No acervo há somente o registo de um EIA da Libra para Ocara. Em relação à Banabuiú, os únicos dois EIAs que aparecem são para a usina fotovoltaica (Fotowatio do Brasil Projetos de Energias Renováveis III LTDA) e para o Projeto Granito Fazenda Boa Água. O mesmo vale para os RIMAs. Na capa, a Superintendência destaca que o acervo contempla o período de 1897 a 2023.
Foto: Reprodução/Semace (EIAs)
O Repórter Ceará entrou em contato com a Semace, mas até o momento não recebeu retorno da solicitação.
Repórter Ceará (Foto: Reprodução/WhatsApp)