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Vacina contra a dengue incorporada ao SUS: o que você precisa sabersobre o imunizante

A fictitious dengue vaccine. The label is created for photography only.

O Ministério da Saúde (MS) incorporou, no final de 2023, a vacina contra dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

O que não poderia ter acontecido em melhor momento, avalia o médico sanitarista Álvaro Madeira Neto, gestor em Saúde e especialista em medicina preventiva e social. Afinal, afirma, a vacina representa uma esperança para a redução do número de novos casos de dengue, que tendem a aumentar com o início de mais uma quadra chuvosa.

“Embora a dengue seja uma doença já bastante conhecida dos brasileiros, assim como o seu vetor, o mosquito Aedes Aegypti, nos últimos cinco anos houve uma redução nas campanhas de prevenção, de modo que a informação deixou de circular de forma adequada, permitindo o surgimento crescente de novos casos. Agora, particularmente com a chegada de mais um período chuvoso, a população deve ficar alerta, em estado preventivo, a fim de evitar a proliferação do mosquito”, orienta.

Contudo, segundo o MS, neste primeiro momento, a vacina, conhecida como Qdenga, não será utilizada em larga escala, já que o Takeda, laboratório japonês que fabrica o imunizante, informou que tem capacidade restrita de fornecimento de doses. Dessa forma, a vacinação será focada, primeiramente, em públicos e regiões prioritárias.

Por conta disso, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que já a partir de janeiro a definição dos públicos e localidades-alvo será realizada levando em consideração a limitação da fabricante quanto ao número de vacinas disponíveis.

Perguntas e respostas sobre a Qdenga

Como toda nova vacina, Madeira Neto explica que é comum surgirem dúvidas quanto à sua segurança e eficácia. Dessa forma, vale a pena responder às seguintes questões.

O que é a vacina Qdenga?

É uma vacina tetravalente contra a dengue, pois protege contra os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), sendo fabricada pelo laboratório japonês Takeda Pharma Ltda.

Como a vacina Qdenga funciona?

A Qdenga é feita com vírus vivo atenuado. Ela interage com o sistema imunológico para gerar uma resposta semelhante àquela produzida pela infecção natural, mas sem causar a doença em si ou colocar a pessoa imunizada em risco. Ou seja, permite que se crie imunidade de forma segura e controlada.

Quantas doses são necessárias?

Duas doses, com intervalo de 3 meses, sendo cada dose de 0,5 ml. Não há necessidade de reforço ao longo da vida.

Quais os efeitos colaterais da Qdenga?

Os eventos adversos mais comuns são sensibilidade no local da injeção (dor, vermelhidão e inchaço), fadiga, mialgia e mal-estar, febre, calafrios e perda ou diminuição da força física. Também pode ocorrer perda de apetite, irritabilidade e dor de cabeça.

Quais os benefícios da vacina Qdenga?

É o único imunizante contra a dengue aprovado no Brasil para utilização independentemente da exposição anterior à doença e sem necessidade de teste prévacinação.

Quem deve receber a vacina Qdenga?

Ela está licenciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para indivíduos de 4 a 60 anos. Ela se diferencia da vacina Dengvaxia, aprovada anteriormente pela Anvisa, que é recomendada apenas a quem já foi infectado pelo vírus.

Qual a eficácia e duração da proteção da vacina Qdenga?

A eficácia geral é de 80,2% a partir de 30 dias do esquema de 2 doses, enquanto a eficácia contra as formas que requerem hospitalização é de 90,4%.

Quem já tomou a Dengvaxia pode tomar a Qdenga?

Sim. Pacientes que já tiveram dengue e tomaram a Dengvaxia podem tomar a Qdenga, idealmente seis meses após a última dose.

Portanto, reforça Madeira Neto, as respostas a estas perguntas revelam que o fornecimento da vacina contra a dengue pelo SUS representa uma esperança muito grande para a população, cujos impactos positivos deverão ser sentidos já nos primeiros meses de 2024.

Cenário epidemiológico

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), levantados até junho de 2023, apontam para o registro de quase 2,2 milhões de casos e quase 1.000 mortes por dengue no mundo.

Em 2022, foram notificados cerca de 2,8 milhões de casos de dengue na Região das Américas, sendo a maior parte deles no Brasil (aproximadamente 2,4 milhões), que também liderou a ocorrência de formas graves, juntamente com a Colômbia.

Já no Ceará, conforme Boletim Epidemiológico emitido pela Secretaria de Saúde do Estado (SESA), em junho de 2023, foram notificados pouco mais de 24 mil casos suspeitos de dengue no estado. Destes, 29,2% foram confirmados. O município de Fortaleza é o que tem o maior número de confirmações e concentra 84,6% dos casos.

Repórter Ceará

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