Home Fabrício Moreira da Costa Tempos estranhos

Tempos estranhos

Já encontrei sábios, gênios, que sequer sabiam ler o seu próprio nome

Foto: Reprodução/WhatsApp

As redes sociais abriram as portas para tantos quantos possam expor suas fotos, memórias, mágoas, alegrias, suas riquezas e vaidades, conquistas, derrotas e desabafos. As ingratidões diversas, a vida do suor ao sucesso, enfim, um almanaque de informações permanentes.

As portas se abriram também para toda sorte de oportunistas, maldades, chantagens, agressões morais, tolices, desentendimentos pessoais e familiares, igualmente, para os PHDs em todas as matérias e áreas administrativas, opiniões que passeiam do público à vida privada, mas segundo Umberto Eco, oportunizou um campo fácil para uma cambada de “imbecis”.

São os “doutores facebook e google”. Eles sabem de tudo, resolvem todos os problemas de suas vidas e a dos outros, mas como as cartomantes que ensinam teoricamente o fim do suposto caos e da briga entre casais, que entram nas mentes dos ingênuos, não são capazes de olhar pra si e observar que está tudo errado dentro de seu próprio lar, em um imaginário de perfeição, ou de repassar os números da Mega-Sena pra quem deseja enriquecer financeiramente.

Já encontrei sábios, gênios, que sequer sabiam ler o seu próprio nome que, a mãe aflita pela rudeza da vida e do trabalho, não permitiu que o filho estudasse, mas aprendesse a riscar olhando num pedaço de papel apenas o nome completo para alistamento em alguma inclusão benéfica dos governos municipal, estadual e federal.

Daí surgia, tão somente pela vida, e os espinhos dela, a sabedoria para uma opinião equilibrada, lúcida e capaz de melhor raciocínio da situação adversa, para a paz no cotidiano. Era os chamados “conselheiros” da política, dos vizinhos, do sol e das chuvas. Das divisões de heranças, dos afortunados aos simples monturos.

Conheci também os doutores de tudo. Que estudaram muito, mas não aprenderam sequer a conviver em grupos de qualquer casta. São chatos, intolerantes, preconceituosos, bobos, e o pior: arrogantes travestidos de paladinos da moral, dos bons costumes, observações, ditos e sem feitos alguns para quaisquer destaques em suas próprias voltas e entornos.

Mas como diz o velho e muito estimado amigo, jornalista Macário Batista, “estamos vivenciando tempos bem estranhos”.

Deixe seu comentário:

Please enter your comment!
Please enter your name here