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Quadra chuvosa de 2024 encerra com chuvas acima da média histórica, diz Funceme

Os dados positivos têm relação direta com as precipitações entre fevereiro e março, principalmente

Foto: David Einstein

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) apresentou o balanço da quadra chuvosa de 2024 no Estado, nesta sexta-feira, 7. De acordo com o órgão, as chuvas de fevereiro a maio ficaram acima de média histórica, em um desvio positivo de 25,4%.

Conforme os dados apresentados, a média histórica de chuvas para o período é de 609,2 milímetros. O observado neste ano foi de 764 mm. Os dados positivos têm relação direta com as precipitações entre fevereiro e março, principalmente. Nestes meses, os acumulados foram mais expressivos, puxando o acumulado final para cima. Conforme Funceme, o primeiro apresentou um desvio de quase 100%, já o segundo, de 13%.

Confira:

Por macrorregião, nenhuma registrou acumulado abaixo da média na quadra chuvosa. De acordo com a Funceme, a macrorregião com mais chuvas foi o Litoral de Fortaleza, com 1.253,2 mm, com desvio positivo de 51,5 mm, e a com menos chuvas foi do Sertão Central e Inhamuns, com 586,8 mm (+16,5%).

Confira:

Cariri – ACIMA da média

  • Normal – 617,6 mm
  • Observado – 796,1 mm
  • Desvio – 28,9%

Ibiapaba – DENTRO da média

  • Normal – 696,9 mm
  • Observado – 739,3 mm
  • Desvio – 6,1%

Jaguaribana – ACIMA da média

  • Normal – 590 mm
  • Observado – 725,1 mm
  • Desvio – 22,9%

Litoral de Fortaleza – ACIMA da média

  • Normal – 827 mm
  • Observado – 1.253,2 mm
  • Desvio – 51,5%

Litoral do Pecém – ACIMA da média

  • Normal – 676,5 mm
  • Observado – 993,5 mm
  • Desvio – 46,9%

Litoral Norte – ACIMA da média

  • Normal – 782,5 mm
  • Observado – 1.119 mm
  • Desvio – 43%

Maciço de Baturité – ACIMA da média

  • Normal – 681,4 mm
  • Observado – 899,1 mm
  • Desvio – 31,9%

Sertão Central e Inhamuns – DENTRO da média

  • Normal – 503,8 mm
  • Observado – 586,8 mm
  • Desvio – 16,5%

As precipitações do quadrimestre tiveram influência, principalmente e como de costume, da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que esteve próxima à costa norte do Nordeste devido a águas mais quentes no oceano Atlântico Tropical, colaborando para acumulados expressivos.

“Neste ano, a gente teve essa condição totalmente atípica, excepcional e anômala, que nunca tinha sido observada no Atlântico e isso acabou influenciando na ocorrência das chuvas no estado”, reforça Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.

Em janeiro, a Funceme havia apresentado maior chance de precipitações acima da normalidade. Mesmo considerando que o prognóstico indica todas as possibilidades, havia maior expectativa para acumulados menores, principalmente devido à força do El Niño, que historicamente costuma interferir relativamente nas chuvas no Ceará.

“E por que as previsões não refletiram isso? É importante destacar que elas são desenvolvidas a partir do conhecimento prévio de os modelos numéricos têm sobre clima, atmosfera, oceanos e como isto afeta as condições futuras, porém, esse padrão observado em 2024 não tinha sido visto ainda (águas do Atlântico superaquecidas). Os modelos não estavam prontos para perceber como isso poderia suplantar o El Niño que estava presente. Todos os modelos, em sua unanimidade, deram indicativos de chuvas abaixo da média’, explica Sakamoto.

Açudes

O aporte hídrico foi positivo também. O Ceará tem, neste momento, 44 açudes sangrando e 37 com volumes acima dos 90%. Os reservatórios com os melhores índices estão localizados nas bacias Metropolitana, Curu e Litoral.

O Castanhão, principal açude do estado, começou a quadra deste ano com cerca de 24% do seu volume total e hoje está com 36%.

Mesmo com a boa perspectiva, é necessário prudência, visto que o Ceará fica em uma região semiárida.

“Nem sempre chuva resulta em aportes. As chuvas, mesmo na média ou até acima da média, carecem de constância e precisam cair no lugar certo para gerar escoamento e, consequentemente, aportes”, diz Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Dentro da política de Recursos Hídricos, o Estado, através da Cogerh, planeja a operação dos seus reservatórios de acordo com os volumes registrados ao fim da quadra chuvosa. Para isso, são feitas reuniões com os colegiados dos Comitês de Bacias e realizadas simulações dos cenários de uso da água em cada região do Ceará, são as chamadas alocações negociadas de águas, realizadas de forma participativa com representações da sociedade.

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