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MemoriArte: projeto científico apresenta Mestra da Cultura Dadá Leitão

Este ano, o projeto científico MemoriArte, da Escola Profissional Dr. José Alves da Silveira, apresenta Dadá Leitão: um símbolo crucial na formação da cultura cearense

Foto: Divulgação/Governo do Ceará

Francisca Maria Elói Leitão, mais conhecida como Dadá Leitão, é uma mulher forte e resiliente que carrega consigo o legado do bordado. Em 2022, recebeu o título de Mestra da Cultura do Estado do Ceará – por seu bordado à mão –, uma distinção extremamente relevante que deve ser tratada com seriedade. Desde tenra idade, aprendeu e perpetua essa tradição cultural, ensinando-a a todos que desejam aprender.

Dadá menciona que “começou a bordar dentro do útero da mãe”, reiterando que as mulheres de sua família eram agricultoras no verão e bordadeiras no inverno. Assim, as mães confeccionavam as roupas de seus filhos enquanto garantiam seu sustento diário. A Mestra guarda uma peça de roupa feita por sua mãe, que foi a primeira vestimenta usada pela guardiã da cultura. Dadá encanta os quatro cantos do Nordeste com sua simplicidade, bom humor e caráter único.

A Mestra transformou sua paixão pelo bordado em uma carreira notável. Seu trabalho começou a ganhar reconhecimento local, o que a levou a participar de várias feiras de artesanato e exposições. Suas peças são conhecidas pela riqueza de detalhes, uso de cores vibrantes e padrões únicos que refletem a cultura e o cotidiano do sertão nordestino. Com o tempo, seu trabalho foi ganhando visibilidade além dos limites de Quixeramobim, e ela passou a ser convidada para eventos regionais e nacionais. Recebeu vários prêmios e homenagens, consolidando-se como uma das principais representantes do bordado artístico no Brasil.

O bordado em Quixeramobim não é apenas uma forma de arte, mas uma expressão cultural profunda que conecta as pessoas à sua história e identidade. As obras de Dadá Leitão exemplificam essa conexão, trazendo à tona histórias locais, paisagens e elementos do dia a dia do sertão. A arte do bordado, especialmente nas mãos de mestres como Dadá Leitão, desempenha um papel vital na economia local. Muitas famílias dependem da venda de peças bordadas para seu sustento, e a atividade também promove o turismo regional, atraindo visitantes interessados em adquirir essas obras de arte únicas e autênticas.

No entanto, Dadá Leitão enfrenta alguns desafios para continuar no ramo do bordado, sendo alguns deles:

  • Desvalorização Cultural: A arte do bordado, muitas vezes, é vista apenas como uma atividade doméstica ou um passatempo, sem o devido reconhecimento como forma de arte e expressão cultural. Essa desvalorização impede que bordadeiras como Dadá Leitão sejam vistas como artistas de pleno direito, limitando seu acesso a plataformas de maior visibilidade;
  • Mercado Restrito: As bordadeiras enfrentam dificuldades para acessar mercados maiores e mais lucrativos. A comercialização de suas peças muitas vezes é restrita a feiras locais, onde os preços são baixos e a valorização do trabalho é insuficiente; e
  • Transmissão do Conhecimento: A falta de reconhecimento afeta a transmissão do conhecimento para novas gerações. Sem incentivos/conhecimento, os atuais jovens podem não se sentir motivados a aprender e continuar a tradição, colocando em risco a continuidade do bordado como prática cultural e econômica.

A trajetória de Dadá Leitão é um testemunho eloquente da riqueza cultural e artística que permeia as tradições do Nordeste brasileiro. Desde seus primeiros passos no bordado, sob a influência de sua família, até seu reconhecimento como uma figura central na preservação desta arte, Dadá representa a resiliência e a dedicação necessárias para manter vivas as tradições culturais. No entanto, a história da Mestra também lança luz sobre uma problemática persistente: a falta de reconhecimento e valorização das bordadeiras. Esta desvalorização cultural e econômica não apenas limita as oportunidades de visibilidade e mercado para as artesãs, mas também ameaça a transmissão do conhecimento para as futuras gerações. Sem um reconhecimento adequado, a arte do bordado corre o risco de se perder, privando a comunidade de uma parte essencial de sua identidade cultural e de uma fonte significativa de sustento econômico.

O Projeto MemoriArte é uma iniciativa inovadora dedicada a ressaltar a importância do bordado em Quixeramobim, uma tradição que é uma pedra angular da identidade cultural da região. Situado no coração do sertão cearense, Quixeramobim é um lugar onde o bordado transcende a atividade artesanal, tornando-se uma forma de arte rica em história e expressão cultural. O projeto surge com o objetivo de promover essa herança, valorizando as bordadeiras locais como artistas de pleno direito e enfrentando a desvalorização cultural que ameaça essa prática ancestral.

Quixeramobim é conhecido por suas bordadeiras talentosas que, com suas mãos habilidosas, transformam linhas e tecidos em obras de arte intrincadas. No entanto, apesar da beleza e complexidade dessas peças, muitas vezes o bordado é subvalorizado. Esta visão limitada ignora o profundo significado cultural e a importância econômica do bordado para a comunidade. A iniciativa busca destacar a relevância do bordado não só como uma forma de arte, mas também como um meio de sustento e empoderamento para muitas famílias em Quixeramobim. Através de exposições, feiras, programas educativos e certificações, o projeto trabalha para ampliar a visibilidade, resgatar as memórias e o valor das obras bordadas, conectando-as a mercados mais amplos e apreciadores da arte.

O MemoriArte, que tem a frente os alunos Biatriz Almeida, Guilherme Ferreira, Sabrine Santos e Wendy Bandeira, sob orientação da professora Gerleide Santos, tem como principal objetivo, reconectar as memórias perdidas dentro da cultura quixeramobinense e sensibilizar a população sobre a importância da valorização das mulheres que todos os dias batalham para manter a cultura nordestina viva. O projeto busca valorizar toda forma de expressão artística, para que, dessa forma, possa ser construída uma Quixeramobim mais evoluída e preocupada com a diversidade de pensamentos e seres.

Por Biatriz Almeida, Guilherme Ferreira, Sabrine Santos e Wendy Bandeira e Gerleide Santos

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