A vitória de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza, em uma disputa voto a voto, imprevisível e acirrada, marca um feito simbólico para o PT, que não conquista nenhuma capital desde 2016 e agora assegura o comando da quarta maior cidade do país.
O triunfo carrega uma importância que vai além dos números, uma vez que o partido conta com o apoio do governador Elmano de Freitas e o respaldo direto da presidência, fortalecendo uma aliança política sólida em Fortaleza e no Ceará. Com essa união, há uma base forte para impulsionar projetos sociais e econômicos, sustentados ainda pelo apoio do ministro Camilo Santana, que sai desta campanha como uma das figuras políticas mais influentes da região.
Para o PT, a eleição em Fortaleza foi um avanço estratégico no Nordeste, onde o partido obteve 65,5% de suas vitórias nas prefeituras. Ainda assim, essa expansão precisa ser considerada com cautela, visto que a vitória se deu por margens apertadas – em torno de 10 mil votos de diferença – e contra um adversário que conseguiu reunir em torno de sua candidatura um bloco impressionante de apoios, com figuras como Capitão Wagner (União), Ciro Gomes (PDT), Roberto Cláudio (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB).
A derrota de André Fernandes (PL) fortalece sua posição e consolida uma influência considerável para os próximos anos. Sem se vincular diretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha, ele adotou um perfil mais pragmático, unindo aliados de diversas matizes ideológicas que, embora não tenham garantido a vitória, representaram um embate significativo contra o PT e sua máquina de apoio.
O cenário que se desenha para os próximos anos em Fortaleza e no Ceará é de uma disputa intensa entre dois blocos com forças equiparadas, impulsionados pela rivalidade entre petistas e bolsonaristas. O PT vai precisar aglutinar e fortalecer cada vez mais sua base de apoio, além de rever e renovar seus representantes, caso queira dar continuidade ao projeto frente à força da oposição na região.