Parentes de Marielle Franco e Anderson Gomes chegaram na manhã desta quarta-feira (30) ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde ocorre o julgamento de Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, acusados de serem os executores dos assassinatos de Marielle e Anderson em 14 de março de 2018. O caso é julgado pelo 4º Tribunal do Júri da capital. A informação é da Agência Brasil.
Antes do início do julgamento, familiares das vítimas expressaram à imprensa sua expectativa por justiça. Luyara Franco, filha de Marielle, destacou a dor de estar no tribunal e a força das famílias para manter a luta por justiça. “Enquanto filha, é difícil estar aqui, mas foi a coragem da minha família e da família do Anderson e também a coragem dos movimentos que não largaram as nossas mãos desde o dia 14 de março que fizeram a gente estar aqui de pé hoje, mas justiça para a gente, na verdade, seria se minha mãe estivesse aqui se Anderson tivesse aqui”, desabafou.
Marinete Silva, mãe de Marielle, lembrou os quase sete anos de espera por um desfecho. “Estou vivendo hoje como se fosse o dia que tiraram minha filha de mim. A gente está vivendo essa dor, mas vamos tentar vencer depois de tanto tempo. É importante que esses homens saiam daqui condenados, para que não banalizem a vida da minha filha, nem de nenhum dos filhos que tiveram suas vidas ceifadas”, afirmou.
Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, também expressou a expectativa de que o julgamento represente apenas o início da busca por justiça, apontando a necessidade de responsabilizar não apenas os executores, mas também os mandantes do crime. “A dor que sentimos não terminou lá em 2018. A gente está com essa dor até hoje e ela não vai passar mesmo com a condenação deles. E isso não vai terminar hoje. Todos precisam pagar pelo que fizeram com a gente”, declarou.
Lessa e Queiroz participam do julgamento por videoconferência, com Lessa preso em Tremembé, São Paulo, e Queiroz no Complexo da Papuda, em Brasília. O Ministério Público do Rio de Janeiro solicita ao tribunal a condenação máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão.
Logo cedo, parentes de outras vítimas da violência se uniram em uma manifestação pedindo justiça para Marielle e Anderson, segurando girassóis e vestindo roupas pretas ou camisetas com imagens de entes queridos. “Marielle e Anderson: Justiça!” ecoou como grito de união entre os presentes, que buscam o fim da impunidade e lembram as muitas vidas interrompidas.