Home Justiça Empresária busca indenização milionária na justiça por terras incorporadas ao Parque Nacional...

Empresária busca indenização milionária na justiça por terras incorporadas ao Parque Nacional de Jericoacoara

Inconformada com os resultados da perícia judicial, a empresária contratou, em fevereiro de 2022, um novo estudo pericial para reavaliar os valores

Foto: André Luís Rocha/Unsplash

Há mais de sete anos, a empresária Iracema Correia São Tiago trava uma batalha judicial na Justiça Federal do Ceará para obter uma indenização milionária pelas terras de suas fazendas Junco 1, Junco 2 e Caiçara, que foram parcialmente incorporadas ao Parque Nacional de Jericoacoara (Parna Jeri). A área, situada no litoral cearense, foi oficialmente delimitada em 2002 como área de preservação ambiental, ficando sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A empresária protocolou três processos judiciais contra o ICMBio, reivindicando o pagamento das terras desapropriadas para criação do parque.

Em suas primeiras petições, Iracema São Tiago pediu, entre 2010 e 2017, um total de R$ 55,5 milhões como compensação pelas áreas sobrepostas ao parque. O ICMBio, no entanto, contestou esses valores e apresentou uma avaliação significativamente inferior: em maio de 2019, a indenização sugerida pelo órgão para as três propriedades somava R$ 4,2 milhões. Em maio de 2024, houve uma decisão favorável à indenização da Fazenda Caiçara, com base nessa avaliação.

Em outubro de 2021, uma perícia judicial independente foi realizada para fornecer uma avaliação mais detalhada das propriedades, levando em consideração o impacto ambiental da criação do parque e o valor de mercado atualizado das terras. Essa perícia sugeriu que o valor das áreas somaria R$ 624,7 milhões. A avaliação judicial calculou R$ 140,4 milhões para a Fazenda Junco 1, R$ 71,9 milhões para a Fazenda Junco 2 e impressionantes R$ 412,4 milhões para a Fazenda Caiçara, que possui uma extensão de 953,8 hectares sobrepostos ao parque.

Inconformada com os resultados da perícia judicial, a empresária contratou, em fevereiro de 2022, um novo estudo pericial para reavaliar os valores. Esse levantamento elevou o pedido de indenização para R$ 733,9 milhões. A perícia particular argumenta que as áreas valem mais devido a suas características e à valorização ambiental. Esse valor inclui, além da terra desapropriada, um montante de R$ 34,2 milhões como indenização por “bem intangível”, considerando o impacto e a desvalorização do patrimônio particular em razão das limitações impostas pela área de preservação.

O caso é um dos mais complexos em disputa no contexto de desapropriações de terras para áreas de preservação ambiental no Brasil e reflete um impasse jurídico entre a proteção ambiental e os direitos de proprietários de terras. A decisão final da Justiça ainda é aguardada e deverá trazer consequências tanto para os interesses de proprietários na região quanto para a política de conservação ambiental do ICMBio.

não houve comentários

Deixe seu comentário:

Please enter your comment!
Please enter your name here

Sair da versão mobile