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Maria Bethânia recebe o título de Doutora Honoris Causa pela UFC

A obra e o legado da cantora foram homenageados com a entrega do título

Foto: Guilherme Silva/UFC Informa

Um cantar pleno de ancestralidade no qual ressoam muitas vozes: as mensagens dos orixás, as preces aos santos, as cantigas populares dos brincantes de folguedos, os clamores dos manifestantes contra as opressões, as falas de teatro, a expressão genuína de inúmeras narrativas da cultura do Brasil. Assim é Maria Bethânia, uma artista que tem, em sua voz e performance singulares, um entoar de liberdade e celebração da arte em quase 60 anos de carreira.

A obra e o legado da cantora foram homenageados, na noite dessa sexta-feira, 15, pela Universidade Federal do Ceará com a entrega do título de Doutora Honoris Causa. A cerimônia, marcada por muita música e emoção, ocorreu na Concha Acústica da Reitoria e foi conduzida pelo reitor Custódio Almeida, acompanhado por integrantes da administração superior da UFC. Estiveram ainda presentes o governador do Estado do Ceará, Elmano de Freitas, e o Ministro da Educação, Camilo Santana.

Caminhando em meio a um público que lotou o espaço, Maria Bethânia foi acompanhada em seu cortejo pelo reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Miguez, pelo pró-reitora adjunta de Cultura da UFC, Glícia Pontes, pelo diretor da Casa de José de Alencar, Leandro Bulhões e por dois fãs, Veridiana Martins de Oliveira e José Olinda Braga, este último, professor do Curso de Psicologia da UFC. Na ocasião, Luiza Nobel cantou  “Carcará”, de João de Vale e José Cândido da Silva, enquanto o espetáculo de projeções “Oyá”, desenvolvido no Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC, trazia referências imagéticas alusivas à trajetória da artista.

O reitor Custódio Almeida anunciou a entrega do título de Doutora Honoris Causa à Maria Bethânia, com a aposição da samarra (espécie de túnica) sendo feita pelo ministro Camilo Santana, e do capelo (pequeno chapéu) pela própria artista, declarando Custódio Almeida que  “em geral é o reitor quem coloca, mas uma rainha coroa a si mesma”, passando o símbolo doutoral à cantora.

Em sua fala, Maria Bethânia destacou as aproximações com o ambiente acadêmico, em vivências artísticas na Universidade Federal da Bahia na década de 1960, e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2015, e ainda o recebimento dos títulos de Doutora Honoris Causa pela UFBA em 2016 e Láurea do Mérito Cultural pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, em 2019. “Eu e a universidade temos, portanto, uma longa e fértil amizade”, afirmou.

Mencionando as obras de grandes nomes da cultura cearense, como as escritoras Emília Freitas e Rachel de Queiroz, a socióloga Violeta Arraes, o compositor Humberto Teixeira e o poeta Patativa do Assaré, Bethânia agradeceu o título enfatizando a relevância da música popular. “Aqui está ela: a canção e sua história, a canção e sua força, a canção e seu sangue, a canção e suas asas (…) não importa onde, é sempre o palco que me conduz, este lugar sagrado, lugar de festa, onde a menina de Santo Amaro fincou seus pés, e de onde, em reverência, olha nos olhos da vida e canta”, declarou cantando, logo após, um trecho de “O que é? O que é?”, de autoria de Gonzaguinha.

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