O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se irritou com a condução da crise que chegou na revogação da norma da Receita Federal que ampliaria a fiscalização sobre transações via PIX. A informação é da Folha de S.Paulo, que conversou com aliados do presidente.
O anúncio da revogação da instrução normativa da Receita Federal foi feito na tarde dessa quarta-feira, 15, pelo secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.
De acordo com a Folha de S.Paulo, o presidente e a Casa Civil não tinham conhecimento da nova medida da Receita Federal e souberam após a repercussão nas redes sociais.
Após reuniões, Lula fez um cálculo político ao revogar a norma. Haddad defendeu o mérito da instrução normativa até a manhã dessa quarta-feira, 15, mas pesou o argumento de que uma campanha publicitária já não seria mais suficiente para deter a onda de críticas à medida, as fake news e a prática de crimes contra a economia popular, com aplicação de golpes.
O governo também foi avisado sobre o risco de aprovação de decreto legislativo para a derrubada da norma, caso fosse mantida.
Lula aceitou a revogação da norma para estancar o clima de desconfiança na população e o risco de fuga de dinheiro do sistema financeiro.
Os aliados do presidente afirmaram que Haddad, diante da repercussão nas redes sociais e nas ruas, já não apresentava forte resistência à proposta de revogação da norma, mas fazia ponderações em favor de sua manutenção aliada à edição de uma medida provisória sobre o tema.
Sidônio Palmeira, ministro-chefe da Secom, é apontado como um dos principais defensores da revogação, com apoio do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
A decisão da revogação ocorreu após duas reuniões à tarde que contaram com a presença de Haddad e Sidônio. Esse é o primeiro tema a colocar os dois ministros em lados opostos desde que o marqueteiro assumiu a comunicação.
