O reencontro político entre Cid Gomes (PSB) e Luizianne Lins (PT), anunciado como uma “troca de ideias e discussão de conjuntura” pela ex-prefeita, marca um dos momentos mais curiosos da política cearense recente.
Desde 2012, quando os dois romperam em meio à disputa pela Prefeitura de Fortaleza – com Luizianne indicando Elmano de Freitas e Cid apoiando Roberto Cláudio – suas trajetórias se distanciaram em meio a disputas ferrenhas entre PT e PDT.
Agora, com a eleição de Fortaleza de 2024 e o rearranjo político no horizonte de 2026, as razões por trás desse reencontro ganham destaque.
Por um lado, o gesto pode ser interpretado como uma movimentação estratégica para unir forças contra o avanço de um cenário polarizado, que inclui o crescimento do bolsonarismo no estado.
Com Cid afastado do PDT e hoje no PSB, e Luizianne mantendo influência no PT, ambos podem identificar uma oportunidade de convergência em nome de uma pauta progressista mais ampla, mirando tanto o governo estadual quanto a reorganização do campo da esquerda no Ceará.
No entanto, não se pode ignorar as cicatrizes deixadas pelo rompimento de 2012. Luizianne e Cid sempre representaram visões distintas de governança e estratégias eleitorais. É preciso superar barreiras de confiança e egos políticos se quiser evoluir para algo mais concreto do que uma mera conversa de conjuntura.
Além disso, a disputa entre Evandro Leitão e André Fernandes em Fortaleza mostrou como o jogo político cearense está fragmentado, exigindo articulações que vão além de alianças tradicionais.
Se o reencontro se traduzirá em uma aliança real para 2026 ainda é cedo para dizer, mas ele reforça a ideia de que a política cearense continua dinâmica e cheia de reviravoltas, onde os interesses eleitorais podem transformar antigos adversários em aliados. Os próximos movimentos de Cid e Luizianne podem redesenhar o equilíbrio de forças no estado.