Enquanto os olhos de muitos brasileiros estavam voltados para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, o presidente Lula reunia-se com seus ministros para discutir mudanças no governo federal.
A desconexão entre o espetáculo da política norte-americana e as decisões locais reflete um fenômeno comum: o fascínio por eventos externos enquanto ignoramos o impacto direto que essas dinâmicas podem ter no nosso país. Mais do que memes ou piadas sobre Trump, é importante que o debate público no Brasil se concentre nas consequências práticas que seu governo pode trazer para a nossa realidade.
Entre as medidas anunciadas por Trump, mudanças na economia global, a política climática, a regulamentação das redes sociais e o novo posicionamento dos Estados Unidos na cooperação internacional são alguns dos pontos que devem repercutir por aqui.
A prioridade do republicano em desmantelar acordos climáticos pode fragilizar iniciativas ambientais brasileiras e afetar o comércio de commodities. Além disso, novas políticas protecionistas podem pressionar a balança comercial brasileira e gerar desafios para exportadores.
O impacto político de sua postura sobre redes sociais, que tende a favorecer a desregulamentação, também pode reverberar em debates internos sobre regulação e liberdade de expressão. Ainda mais tendo Elon Musk, dono do X, com cargo no seu governo.
Trump já deixou claro em outras ocasiões que o Brasil tem pouca relevância para os interesses estratégicos dos Estados Unidos. Isso não é novidade. No entanto, essa visão não deve nos conduzir ao erro de negligenciar o poder de influência da maior economia do mundo sobre nossas políticas públicas e decisões econômicas.
Para Lula, a tarefa será evitar que essas mudanças externas minem suas prioridades, sobretudo em um momento em que o governo busca estabilidade política e novos avanços sociais, com essa mudança de ministros e estratégias de comunicação.
A obsessão pelo espetáculo político norte-americano nos distrai do essencial: como o Brasil pode se preparar e responder às mudanças globais? É hora de estarmos atentos para o que acontece além da superfície. Em vez de apenas assistir ao show, precisamos nos antecipar às consequências.