A cada temporal, os moradores de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), vivem uma rotina de perdas e incertezas. Ruas alagadas, casas invadidas pela água e móveis destruídos já se tornaram parte do cotidiano, mas a dimensão do impacto das chuvas deste início de ano é ainda mais alarmante.
Na última terça-feira, 11, a Prefeitura decretou situação de emergência após o Rio Ceará transbordar e provocar alagamentos e deslizamentos. O documento oficial estimava 7.900 pessoas afetadas, mas, na sexta-feira, 14, o prefeito Naumi Amorim revelou que o número real já chega a 21 mil, espalhadas por diversos bairros e comunidades do município.
Vidas submersas
Na Vila da Cagece, uma das áreas mais atingidas, o cenário é de destruição. Moradores perderam pertences e convivem com a insegurança de não saber quando a água pode invadir suas casas novamente.
“Tava dormindo com meus filhos de 1 e 9 anos e acordei com as costas molhadas, com tudo boiando”, conta Emanoela de Lima, 32 anos, ao Diário do Nordeste, mostrando o colchão ainda encharcado no quarto úmido. Mesmo sem condições adequadas, ela permanece na casa, onde a geladeira dá choques e o cheiro de mofo se espalha pelos cômodos.
O pai de Emanoela, Francisco Carlos, 67 anos, mora na vila há quatro décadas e vê sua casa sendo deteriorada pela umidade. “Toda vez que chove acontece isso, mesmo que nem seja tão forte”, lamenta.
Medidas emergenciais
Diante da gravidade da situação, a Prefeitura informou que dispõe de um plano de ação para prevenir e responder a desastres, que inclui:
- Prevenção: limpeza de rios e retirada de entulhos para evitar alagamentos.
- Resposta: monitoramento de áreas de risco, remoção de famílias e recuperação de ruas.
- Assistência: abrigos emergenciais, atendimento de saúde e distribuição de cestas básicas e aluguel social para desabrigados.
Mesmo com essas iniciativas, o prefeito Naumi Amorim reconheceu que a cidade precisa de mais apoio e afirmou que buscará recursos junto aos governos estadual e federal. Além disso, destacou a necessidade de construir mais de 100 passagens molhadas para melhorar o deslocamento em áreas afetadas.