A Escola Municipal Maria Leopoldina, no bairro Glória, Rio de Janeiro, inicia uma jornada de transformação na educação pública. O Projeto Visão Esperança, iniciativa da ONG Parceiros da Educação Rio, garante atendimento oftalmológico e doação de óculos a estudantes da rede municipal de ensino que enfrentam dificuldades para enxergar. A meta de atender mais de 5 mil crianças este ano é um alento para um problema que há muito tempo deveria ser tratado como prioridade nacional.
Dados da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) e da Fundação Seva são alarmantes: crianças com problemas de visão aprendem 50% menos do que aquelas que possuem visão normal ou corrigida. No Brasil, cerca de 800 mil estudantes sofrem com dificuldades para enxergar, colocando o país na terceira posição do ranking global, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. A pergunta que se impõe é: por que um problema tão impactante na educação ainda não recebe a atenção devida dos poderes públicos?
A relação entre visão e aprendizado é direta. Uma criança que não consegue ler a lousa ou enxergar as palavras nos livros acumula dificuldades pedagógicas e pode perder o interesse pelo ensino. Muitas vezes, a baixa performance escolar não é uma questão de falta de esforço, mas sim um problema de saúde não diagnosticado. Nessa perspectiva, a iniciativa da ONG Parceiros da Educação Rio é mais do que um gesto de generosidade; é um ato de justiça social.
No entanto, fica a reflexão: por que um projeto tão essencial depende exclusivamente da ação de uma organização não governamental? A garantia de exames oftalmológicos e a distribuição de óculos deveriam ser uma política pública nacional, assegurada pelo Estado de forma universal e permanente. Os investimentos em educação de qualidade devem ir além da capacitação de professores e infraestrutura escolar; eles precisam abranger a saúde dos estudantes.
O Brasil tem o dever de olhar para o futuro e garantir que nenhuma criança fique para trás por conta de problemas oftalmológicos tratáveis. O Projeto Visão Esperança deve servir como inspiração para que governos municipais, estaduais e federais implementem programas semelhantes em todo o país. Apenas assim poderemos garantir que o direito à educação não seja obstruído por algo tão básico e corrigível quanto a dificuldade de enxergar.
Que a visão da esperança se expanda por todo o Brasil, iluminando o caminho para um futuro mais justo e inclusivo.
