Sou um progressista. Sempre votei e continuarei votando em candidatos que defendam a democracia, respeitem as minorias, acolham a diversidade e rejeitem qualquer forma de preconceito, seja ele racial, religioso ou de orientação sexual. Não apoio extremismos de nenhuma natureza, nem admito posturas homofóbicas, racistas ou discriminatórias.
Entretanto, faço questão de afirmar: não concordo e não apoio o uso da chamada “língua neutra”. Considero essa tentativa de mudança uma verdadeira agressão à língua portuguesa, uma apelação sem fundamento que apenas serve para dividir ainda mais a sociedade, gerar debates intermináveis e estéreis, sem qualquer ganho concreto para a vida das pessoas.
Expressões como “todes”, “alunes”, “amigues”, “profe”, propagadas sob a justificativa de inclusão, na prática apenas distorcem a beleza e a funcionalidade da nossa língua. Tornam a comunicação truncada, de difícil compreensão, especialmente para aqueles que mais precisam de inclusão, como pessoas com deficiência visual, dislexia ou baixa escolaridade.
A língua é uma conquista civilizatória que deve ser defendida e aprimorada, não diluída em experimentos ideológicos que, longe de incluir, isolam e confundem. Inclusão verdadeira se faz com respeito, acesso à educação de qualidade, combate ao preconceito e criação de oportunidades reais e não mutilando a língua portuguesa.
Enquanto nos perdemos em debates sobre essas tolices, questões muito mais sérias e urgentes são esquecidas. Basta lembrar que até hoje não foi colocado em prática o projeto do então deputado Aldo Rebelo, que propunha a proibição de termos estrangeiros desnecessários em nosso dia a dia, como “self service”, “delivery”, “happy hour” e tantos outros que invadiram o espaço da nossa língua e da nossa identidade cultural. Essa sim seria uma ação concreta para fortalecer o que é nosso, sem prejudicar a comunicação nem criar barreiras artificiais entre as pessoas.
Há pautas infinitamente mais relevantes para a construção de uma sociedade verdadeiramente justa, democrática e plural. Defendo que lutemos por aquilo que realmente transforma vidas: educação de qualidade, saúde pública eficiente, combate às desigualdades sociais e garantia plena dos direitos humanos. Não podemos nos perder em modismos que apenas insultam a inteligência coletiva e desviam o foco das verdadeiras batalhas que precisamos travar.
Respeito, sim. Inclusão, sim. Distorção da língua portuguesa em nome de vaidades ideológicas, não.