Home 1 Minuto com Sérgio Machado Política ou politicagem? Como distinguir o que se perdeu no senso comum

Política ou politicagem? Como distinguir o que se perdeu no senso comum

Combater a politicagem passa por eleger com consciência, fiscalizar com comprometimento e resgatar o valor do serviço público como instrumento de justiça e dignidade

É compreensível que, diante de tantos escândalos envolvendo figuras públicas, o senso comum tenha passado a tratar política e politicagem como sinônimos.

Mas essa confusão não é apenas injusta com o verdadeiro sentido da política — que é o espaço da construção coletiva, do bem comum —, como também ajuda a alimentar o descrédito nas instituições e o afastamento da população dos debates públicos.

O problema não está na política em si, mas na forma como ela é constantemente sequestrada por interesses pessoais, práticas ilícitas e pela manutenção de privilégios.

Temos vários exemplos recentes. O deputado estadual Stuart Castro (AVANTE), do Ceará, que protagonizou episódios lamentáveis: num vídeo, xinga uma mulher enquanto grava conteúdo durante a Semana Santa; em outro, aparece visivelmente embriagado convidando para uma audiência pública.

A nível federal, temos o caso do ex-presidente Fernando Collor (PRD), preso por corrupção e lavagem de dinheiro após anos de processos arrastados pela lentidão do Judiciário. Também chocaram as denúncias da ex-esposa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que o acusa de agressões físicas e psicológicas, além de tentativa de silenciamento usando sua influência política.

O problema se estende aos municípios, onde prefeitos com mandatos cassados por irregularidades se multiplicam a cada ano. Casos como o de Guaramiranga levantam suspeitas sobre fraudes eleitorais ao apresentar número de eleitores desproporcional ao de habitantes.

Em outros, prefeitos que já se preparam para deixar o cargo criam uma série de cargos comissionados, sem justificativa, para manter o poder e o controle político. Foi o que aconteceu com o prefeito cassado de Barroquinha. O uso da máquina pública em benefício próprio do “toma-lá-dá-cá” virou, para muitos, prática comum. E é isso que caracteriza a politicagem.

Diferenciar política de politicagem exige uma postura crítica e informada. É preciso entender que política é ferramenta de transformação social, é construção e não um palco para escândalos. Quando se generaliza a prática corrupta de alguns, esvazia-se a potência de mudanças reais promovidas por agentes públicos comprometidos com suas comunidades.

Combater a politicagem passa por eleger com consciência, fiscalizar com comprometimento e resgatar o valor do serviço público como instrumento de justiça e dignidade.

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