Quixadá, conhecida como a “terra dos monólitos”, guarda um patrimônio natural e histórico singular no Nordeste brasileiro. Suas formações rochosas imponentes, como a icônica Pedra da Galinha Choca, e sua cadeia de montanhas — integrante da seleção da World Famous Mountains Association (WFMA) —, compõem cenários de rara beleza, capazes de fascinar turistas, geólogos e entusiastas da natureza. Complementando esse mosaico, o Açude do Cedro, erguido no século XIX por ordem do imperador D. Pedro II, destaca-se como marco da engenharia nacional e patrimônio histórico, unindo narrativas culturais, paisagísticas e tecnológicas em um único espaço. Esses ativos formam um conjunto único, com potencial para transformar Quixadá em um destino turístico internacional, impulsionando práticas como ecoturismo, escalada, trilhas, turismo cultural e de aventura. No entanto, a ausência de uma estratégia integrada de valorização e divulgação mantém esses tesouros à margem do circuito turístico do país, subutilizando oportunidades que poderiam redesenhar o futuro de Quixadá e da região do sertão central.
A negligência histórica das autoridades locais em explorar esse potencial revela um paradoxo: enquanto o mundo busca destinos autênticos e sustentáveis, Quixadá permanece uma mina de ouro adormecida. A carência de investimentos em infraestrutura, promoção e políticas públicas eficientes impede a geração de empregos, a atração de negócios e a dinamização da economia do sertão central cearense. Um gestor visionário compreenderia que o turismo transcende o lazer, atuando como vetor de desenvolvimento socioambiental. Parcerias público-privadas, projetos de conservação dos monólitos e a criação de roteiros temáticos — inspirados em casos de sucesso como Bonito (MS) e Fernando de Noronha (PE), que harmonizaram preservação e progresso — poderiam revolucionar a realidade local. Quixadá merece emergir da invisibilidade e mostrar ao mundo que, mesmo na aridez do sertão, florescem belezas capazes de encantar e sustentar comunidades. Urge agir antes que esse patrimônio continue sendo subaproveitado, enquanto a população espera por oportunidades há muito prometidas.
Por fim, é crucial ressaltar que a indústria do turismo não apenas impulsiona empregos e renda em setores diretos — como hotelaria, gastronomia e transporte —, mas também irradia benefícios para cadeias produtivas adjacentes. O artesanato local, o comércio de produtos regionais, os serviços terceirizados e as manifestações culturais ganhariam novo fôlego, fortalecendo a economia de base e distribuindo prosperidade. Em um momento em que sustentabilidade e autenticidade consolidam-se como valores globais, Quixadá tem em mãos a oportunidade de escrever uma nova história: basta transformar seu potencial latente em ação concreta.
Wanderley Barbosa
Jornalista e Radialista Profissional
Delegado do SINDRADIOCE
Presidente da AISC e Associado da ACI