Como é que diz aquele ditado? “Quem viver verá”. Essa movimentação de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, chamou atenção até de quem acompanha a política apenas de longe.
Ele deixou o PDT para se filiar ao União Brasil, se aproximando ainda mais do deputado federal André Fernandes (PL). André até classificou o momento como uma “paquera política”, e o gesto mais explícito dessa nova aliança foi o encontro com Jair Bolsonaro hoje, em Fortaleza.
A mudança tem o aval de Ciro Gomes (PDT) que tem assumido um novo rumo estratégico para enfrentar o grupo hoje no poder no Ceará.
Essa aliança entre Roberto Cláudio e bolsonaristas é mais do que pragmatismo eleitoral. É uma mudança de postura pública.
Durante a pandemia, Roberto Cláudio foi um crítico direto de Bolsonaro e de suas decisões na área da saúde. Médico, defendia medidas de proteção e vacinação, posicionando-se contra o negacionismo. Agora, aparece ao lado do ex-presidente em busca de apoio para disputar novamente o governo do estado.
Esse reposicionamento já tem causado desconforto, desde as últimas eleições, em parte do eleitorado que o via como alternativa moderada e técnica, mas também pode ampliar o alcance entre setores da direita no Ceará, não só de bolsonaristas.
O plano é ainda mais amplo. O grupo de Ciro e Roberto Cláudio deve apoiar Alcides Fernandes (PL), pai de André, ao Senado em 2026. Em troca, o PL poderia endossar Roberto Cláudio como o nome da oposição ao governador Elmano de Freitas (PT).
Essa costura une vários interesses, mas também levanta dúvidas. Até que ponto o eleitorado de Bolsonaro aceitará um ex-crítico, do PDT ainda mais, ao lado do ex-presidente? E até onde vai a influência de Ciro, que agora se afasta ainda mais do campo da esquerda tradicional?
Ainda é cedo para dizer se essa união resultará em vitória eleitoral, mas é certo que o cenário mudou. A política cearense, que por anos teve divisões claras entre PT e PDT, agora se redesenha com alianças inesperadas. Será que o eleitor cearense vai engolir?