A persistente falta de consciência de motoristas, motoqueiros, comerciantes e da população em geral quanto ao respeito às vagas destinadas a idosos, pessoas com deficiência física e TEA em Quixadá é um reflexo preocupante de individualismo e falta de empatia coletiva. Essa negligência parece originar-se de uma combinação perigosa: o imediatismo do dia a dia, onde a própria conveniência é colocada acima do bem comum, e uma profunda falta de reflexão sobre a condição humana. Muitos jovens, talvez imersos em uma sensação de invulnerabilidade, não conseguem ou não querem projetar um futuro onde a mobilidade reduzida será sua realidade – seja pela passagem natural do tempo, que todos, com sorte, experimentarão, ou por um imprevisto, como um acidente, que pode transformar radicalmente suas vidas da noite para o dia. Ignorar essas vagas é negar a humanidade e as necessidades específicas daqueles que hoje dependem delas para acessar serviços essenciais com um mínimo de dignidade e segurança.
Diante deste cenário, é urgente e imprescindível que a imprensa local de Quixadá assuma um papel protagonista na transformação desta realidade. Rádios, sites de notícias, rádios web e TVs web têm o poder e a responsabilidade de promover uma ampla campanha de conscientização. Matérias investigativas, reportagens sensíveis que mostrem os desafios diários enfrentados por idosos e cadeirantes, debates com especialistas, nas escolas, autoridades e representantes da comunidade, e campanhas educativas contínuas são ferramentas essenciais. É preciso lembrar à sociedade que esses idosos e pessoas com deficiência não são figuras abstratas; são nossos pais, avós, tios, amigos e conterrâneos, pessoas que contribuíram e continuam a contribuir para o nosso município. Garantir seu acesso digno aos supermercados, lojas, centro da cidade, escolas, loterias e bancos não é um favor, mas um direito fundamental previsto em lei e um dever de solidariedade coletiva. A conscientização midiática pode ser a faísca que desperta a empatia adormecida e constrói uma Quixadá mais inclusiva e respeitosa para todos.
“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” (Martin Luther King Jr.)
Wanderley Barbosa
Jornalista e Radialista Profissional
Delegado do SINDRADIOCE
Presidente da AISC e Associado da ACI