A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) estuda uma reformulação na identidade institucional do governo federal. A mudança, ainda em fase de avaliação, busca incorporar de forma estratégica conceitos como nacionalismo, soberania e expressão popular — temas que ganham força no cenário global diante do avanço de políticas protecionistas, como o tarifaço de Donald Trump nos Estados Unidos, e da apropriação desses símbolos por correntes de extrema-direita no Brasil, como o bolsonarismo.
Mais do que uma mudança estética, a proposta visa fortalecer a narrativa de um Brasil autônomo, valorizando sua indústria, sua cultura e suas riquezas naturais. O objetivo é resgatar o sentido positivo desses conceitos, historicamente associados à esquerda em suas lutas por desenvolvimento e soberania econômica, e que foram, nos últimos anos, distorcidos em discursos reacionários.
A comunicação oficial do governo precisa, assim, se reposicionar: mostrar que soberania não significa isolamento e que nacionalismo não é sinônimo de fechamento ao mundo ou intolerância. Trata-se de apresentar o Brasil como um país orgulhoso de sua identidade, mas comprometido com o desenvolvimento sustentável, a justiça social e o diálogo internacional.
O desafio da Secom é grande. Reapropriar-se de símbolos nacionais exige sensibilidade e consistência política. A futura marca institucional do governo — ainda não definida — será mais do que um slogan: será um gesto estratégico, refletindo a disputa pelos sentidos do patriotismo e da soberania em um país que precisa ressignificar a própria bandeira.
