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Reflexão sobre o Dia de Proteção às Florestas e o silêncio sobre a caatinga

Salvar a Amazônia é imperativo, mas não podemos compactuar com o esquecimento e a destruição da nossa Caatinga. A lógica é clara e humana: devastar a Amazônia é aniquilar os povos da floresta; devastar a Caatinga é condenar o sertanejo à miséria e à fome, minando sua resiliência e seu sustento

Foto: Flickr/A.Duarte

No Dia de Proteção às Florestas (17 de julho), a Amazônia justamente ocupa os holofotes, mas seu debate é frequentemente obscurecido por narrativas conflitantes e estatísticas manipuladas, refletindo interesses políticos e econômicos que dificultam o acesso à verdade sobre sua proteção. Entretanto, essa data deve nos impelir a olhar além do bioma mais famoso e dirigir nossa atenção crítica para a Caatinga, patrimônio exclusivamente brasileiro e vital para o Nordeste. Enquanto a imprensa e o discurso nacional se concentram (e se perdem) nas controvérsias amazônicas, a devastação silenciosa e implacável da Caatinga segue quase invisível. O desmatamento avança sem freio, com fiscalização ineficaz ou ausente nas esferas federal, estadual e municipal, e o resultado é trágico: espécies únicas de nossa fauna desaparecem ou lutam pela sobrevivência, ignoradas pelo poder público e pela grande mídia. É gritante a necessidade de a imprensa – falada, escrita e digital – criar espaços urgentes para debater com sociedade e especialistas a destruição deste bioma fundamental.

Salvar a Amazônia é imperativo, mas não podemos compactuar com o esquecimento e a destruição da nossa Caatinga. A lógica é clara e humana: devastar a Amazônia é aniquilar os povos da floresta; devastar a Caatinga é condenar o sertanejo à miséria e à fome, minando sua resiliência e seu sustento. As autoridades de Quixadá e do Sertão Central, as universidades locais e regionais, e a sociedade civil organizada têm um papel crucial e inadiável . Não podem ser cúmplices, por ação ou omissão, da degradação que consome seu maior tesouro natural e cultural. É hora de mobilização local, pesquisa aplicada, pressão por políticas efetivas e, acima de tudo, de dar voz à Caatinga. Protegê-la não é apenas conservar biodiversidade, é garantir o futuro das populações que nela e dela vivem, honrando a verdadeira essência do Dia de Proteção às Florestas em solo genuinamente brasileiro.

“Faz pena o nortista
Tão forte, tão bravo
Viver como escravo
Nas terras do sul
(Ai, ai, ai, ai).” (Triste partida – Luiz Gonzaga)

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