A saída de Ciro Gomes do PDT, oficializada depois de uma década de protagonismo nacional e regional, abre caminho para um novo momento do partido no Ceará.
Sem a figura central de Ciro e o grupo político mais fiel a ele, o PDT passa a se reorganizar internamente e, aos poucos, adota uma postura mais alinhada com o campo progressista local, sinalizando reaproximações com lideranças ligadas ao PT e à base do governo Elmano de Freitas.
Esse reposicionamento vem sendo conduzido por nomes como André Figueiredo e Evandro Leitão, que buscam dar ao partido uma cara mais pragmática e menos personalista.
O silêncio de Roberto Cláudio diante do recente atrito entre Ciro e André Fernandes, por exemplo, foi interpretado como uma escolha estratégica de não alimentar disputas que desviem o foco da reorganização da sigla para o futuro. A ordem agora é pacificar, atrair novos aliados e preparar o terreno para as disputas de 2026.
Nos bastidores, a leitura é de que o PDT quer voltar a ser protagonista das articulações estaduais, mas com outro tom. O partido, que já foi ponte entre forças divergentes, tenta recuperar esse espaço com menos dependência de lideranças individuais e mais abertura para o diálogo institucional.
Com a saída de Ciro – que vai trocar de partido pela 8ª vez, já tendo passado pelo PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS e, finalmente, PDT -, as arestas internas tendem a diminuir, e a legenda ganha mais autonomia para costurar alianças e se posicionar de forma mais flexível no cenário político local.
Embora ainda não esteja definido se o partido seguirá em oposição ao governo Elmano ou se tentará manter portas abertas com o Palácio da Abolição, o fato é que o jogo para 2026 começou a se misturar.
