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Dia dos Pais como antigamente: quando o amor não precisava de data no calendário

No passado, o respeito, o amor e o carinho pelos genitores e parentes próximos – tios, primos, avós – pareciam ser o alicerce natural da vida. A harmonia familiar era uma paisagem cotidiana, não um quadro raro

Foto: Freepik

Hoje celebramos o Dia dos Pais. Uma data que, mais do que um motivo para presentes ou almoços, deveria convidar a uma profunda reflexão sobre o lugar da família e, especialmente, dos pais e avós na tessitura de nossas vidas. É inevitável olhar para trás, para o tempo de nossos pais e avós, e perceber um contraste marcante na forma como vivíamos e honrávamos esses laços.

No passado, o respeito, o amor e o carinho pelos genitores e parentes próximos – tios, primos, avós – pareciam ser o alicerce natural da vida. A harmonia familiar era uma paisagem cotidiana, não um quadro raro. A comemoração do Dia dos Pais, embora existente, quase se tornava desnecessária. Por quê? Porque o espírito dessa celebração – o reconhecimento, a gratidão, a demonstração de afeto – permeava os dias comuns. Visitar os pais, partilhar uma refeição simples, trocar notícias e abraços era parte da rotina, não um evento anual marcado no calendário. O dia dos pais era, de fato, vivido todos os dias.

Hoje, infelizmente, sentimos um frio distanciamento tomar conta de muitas relações. A grande maioria dos filhos já não reconhece esta data como um momento sagrado de ternura e alegria familiar. A ideia de reunir-se para um almoço, de renovar o amor e o carinho presencialmente, parece perder força frente a compromissos individuais, ao ritmo frenético da vida ou, simplesmente, a uma certa indiferença. Aquele comportamento especial, de buscar os mais velhos, de ouvir suas histórias, de oferecer um abraço sincero e despretensioso, parece estar em vias de extinção.

O respeito pelos pais e avós, outrora inquestionável, definha. Observamos, com tristeza, netos que só se aproximam com efusividade quando há a expectativa de um presente. Pais e mães, que dedicaram suas vidas aos filhos, encontram-se, na melhor das hipóteses, relegados a uma solidão discreta em suas próprias casas, ou, na pior, esquecidos em asilos, aguardando em vão uma visita ou mesmo um singelo telefonema daqueles “pequeninos” que um dia embalaram e que agora cresceram e se distanciaram. O abismo entre gerações alarga-se, e a conexão familiar, antes tão forte, enfraquece.

Sim, precisamos fazer algo. Esta reflexão não deve terminar em mera nostalgia ou lamentação. É um chamado à ação, um apelo urgente para reacendermos a chama do amor familiar que parece ter se apagado. Precisamos resgatar:

  1. A Presença Autêntica: Ir além do telefone ou mensagem. Visitar, olhar nos olhos, ouvir de verdade.
  2. O Respeito Ativo: Honrar a experiência, a sabedoria e a história de vida dos mais velhos, mesmo quando divergimos.
  3. O Carinho Desinteressado: Abraçar, agradecer, cuidar sem esperar nada em troca – especialmente não presentes materiais.
  4. A Reconexão Familiar: Revalorizar os encontros, as refeições compartilhadas, as tradições que unem avós, pais, filhos e netos.

Neste Dia dos Pais, enquanto lembro com imenso carinho e saudade do meu querido pai, que partiu mas permanece vivo em cada memória e no sangue que corre em minhas veias, quero estender meu abraço e meu amor solidário a todos os pais e avós que hoje se sentem esquecidos, abandonados ou apenas carentes de um gesto verdadeiro de seus filhos. Que sua dor não seja em vão, mas um lembrete poderoso do que estamos perdendo.

Feliz Dia dos Pais. Que possamos resgatar a essência dessa data “como antigamente”: não apenas hoje, mas todos os dias, com presença, respeito e um amor que não conhece distância nem desculpas. Que o abraço de hoje não precise de um motivo, mas seja simplesmente a expressão natural de um laço que, no fundo, ainda pulsa dentro de nós. Vamos reacendê-lo.

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