Um caso revoltante em Alagoas trouxe novamente ao debate a crueldade contra animais e a impunidade que muitos ainda acreditam poder comprar. Em Palmeira dos Índios, um idoso de 82 anos foi flagrado por câmeras enquanto colocava comida misturada com veneno para quatro cães de rua, que morreram pouco depois. A Polícia Civil, apoiada pela Guarda Municipal, conseguiu identificá-lo e realizar a prisão em flagrante. O crime, por si só bárbaro, tornou-se ainda mais grave quando o homem tentou subornar os policiais oferecendo cinco mil reais para escapar da prisão. Agora, ele responde por maus-tratos com resultado morte e por corrupção ativa, ambos previstos em lei com penas de reclusão.
Casos como esse expõem uma ferida social: a persistente naturalização da violência contra animais. Apesar de avanços legislativos, como a chamada Lei Sansão, que endureceu as punições para maus-tratos, a prática ainda é frequente em diversas cidades brasileiras. O episódio mostra que a crueldade não conhece idade, classe ou região, e que o combate a esses atos depende de fiscalização, punição exemplar e, principalmente, de uma mudança cultural sobre o valor da vida animal.
Nos últimos meses, os artigos da série Um Minuto com Sérgio Machado têm abordado com frequência esses absurdos, denunciando casos de maus-tratos e cobrando das autoridades uma postura firme diante da violência contra animais. Essa voz constante ecoa a necessidade de manter o tema em debate público, evitando que tragédias como a de Alagoas sejam vistas apenas como notícias passageiras.
O caso em Alagoas, portanto, deve servir de alerta. Ele é mais do que uma ocorrência policial: é um espelho de como tratamos os seres mais vulneráveis ao nosso redor. E também um chamado para que a sociedade, pesquisadores, comunicadores e cidadãos se unam contra a banalização da crueldade. Porque o silêncio, nesse contexto, também é uma forma de violência.