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Um patrimônio que merece atenção

O que merece reflexão é o fato da existência de uma raridade arquitetônica como a Capela de Nossa Senhora do Carmo, no interior do cemitério mais antigo da cidade, entretanto em situação de abandono preocupante

Foto: Consuelo Lima

É muito importante incentivar a preservação de símbolos da história da humanidade. Algumas edificações guardam o estilo arquitetônico, o material utilizado e as diversas características daquele Lugar e do Povo que ali habitava. Na Europa, na Rússia e outras regiões da Ásia e África muitos arqueólogos e outros estudiosos buscam informações culturais que esclareçam sobre a nossa e a história de outras Comunidades. A América Latina mostra tesouros nas regiões onde viveram povos pré–colombianos cujo legado foram cidades organizadas, desenho singular e peças de arte e artesanato belo.

Turistas cearenses e outros brasileiros atravessam o Atlântico empreendendo uma viagem que rotulam como “um banho de civilização”; assertiva bem adequada, pois visitarão a riqueza de edificações seculares, obras de arte de grandes mestres e ouvirão relatos pertinentes a fatos impactantes. Dentro do Brasil, a região Nordeste tem Olinda-PE e Salvador-BA reconhecidas pela UNESCO com título de “Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade” pela manutenção da originalidade de espaços antigos em suas feições coloniais. Duas capitais do Nordeste que preservam seu casario da área central são Recife, em Pernambuco, e São Luiz no Maranhão. Minas Gerais é o Estado brasileiro com maior número de cidades históricas: Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo, São João Del Rei, Sabará, Diamantina, Tiradentes, entre outras. Muitas delas guardam obras do escultor Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho.

No Ceará, são poucas as cidades que mantém trechos com casario colonial preservado. Quixeramobim tem apenas dois bens tombados: a Casa de Câmara e Cadeia (Federal) e a Casa do Conselheiro (Estadual). Mas o que merece reflexão é o fato da existência de uma raridade arquitetônica como a Capela de Nª Sª do Carmo, no interior do cemitério mais antigo da cidade, entretanto em situação de abandono preocupante. Essa capela é uma preciosa obra arquitetônica construída sob a orientação do italiano Frei Henrique de Catânia; sua planta tem forma circular; existe no centro de sua cobertura uma circunferência de madeira que funciona com o princípio de cunha, dando-lhe uma autossustentação e é encimada por uma abóbada de alvenaria. As portas são em forma de arco pleno, enquanto a calçada é constituída de espessos blocos de pedra, sobre os quais se encontra uma resistente grade de ferro, que dá proteção à ermida. Trata-se de engenharia complicada, chegando a ser uma exceção na história da arquitetura do Brasil. Deteriorada pela natural ação do tempo, sua cúpula foi restaurada há alguns anos pela fundação Pró-memória. Há notícia de que existe apenas outra igreja com essas características a qual teria sido construída pelo mesmo Frade italiano e estaria localizada na África, fato que torna ainda maior o atributo de raridade da obra de Quixeramobim, fato que impulsionaria o interesse por novos visitantes ao “Coração do Ceará”.

A população local não tem consciência da importância de preservar a própria história e reconhecer a contribuição deixada por nossos antepassados.

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