
Os encontros do senador Aécio Neves (MG) com o presidente Michel Temer não estão agradando alguns políticos do PSDB. Após se encontrar com o chefe do Executivo Nacional na última sexta-feira, 18, o tucano foi criticado pela Executiva do partido em São Paulo.
“A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido”, declarava a nota divulgada pela legenda, acrescentando que, o senador Tasso Jereissati (CE), presidente em exercício da sigla, é quem pode responder em nome dos tucanos.
Após a repercussão negativa do encontro, Temer informou ontem em mensagens publicadas em sua conta no Twitter que o encontro com o senador mineiro foi para tratar da Cemig, dona de quatro hidrelétricas que o governo federal pretende relicitar para levantar R$ 11 bilhões e reduzir o rombo das contas públicas. “É assunto político. O tema é discutido pelo governo, aliados e equipe econômica”, afirmou Temer.
“Senadores tratam dos assuntos de interesse de seu Estado. Nada mais normal. Teorias da conspiração são assunto de quem não tem o que fazer. Não o fiz, nem o faria em relação ao PSDB”, complementou o presidente, dizendo que não entraria em assuntos internos dos partidos.
Em sua nota, a executiva do diretório do PSDB em São Paulo disse repudiar “veementemente” qualquer tentativa de articulação político-partidária entre Aécio e Temer.
Ninho em crise
A nota da executiva paulistana, porém, abriu uma nova crise dentro do partido, já que não encontrou respaldo entre outras lideranças tucanas. Pedro Tobias, presidente estadual do PSDB, defendeu que Aécio tem o direto de participar de encontros com Temer como senador e cidadão. “Acho lamentável”, disse Tobias, sobre a nota do diretório municipal. “Aécio foi sem representar o partido, já que está afastado. Ainda não foi condenado, é senador da República”, argumentou.
José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, considerou a nota “uma coisa totalmente fora de propósito”. “Quem fala em nome do PSDB somos todos nós, qualquer coisa diferente disso é censura. O Aécio é senador por Minas e se reuniu com o presidente para tratar da Cemig”, afirmou. Ainda sobre a nota, Aníbal reiterou: “o PSDB não pode conviver com esse tipo de censura”.
Repórter Ceará com Blog Política do O Povo Online