Inicialmente, é preciso ter em mente que as cidades brasileiras foram desenvolvidas de uma forma orgânica, sem planejamento, como resposta ao êxodo rural no século XX. O aumento da população urbana, associada ao crescimento das indústrias e surgimento de moradias irregulares impulsionou o processo de urbanização dos municípios. O resultado disso é uma má infraestrutura de drenagem, combinada com a intensidade das chuvas e a impermeabilização do solo, levando ao alagamento de ruas e bairros.
Em Juazeiro do Norte, o nobre bairro Lagoa Seca, repleto de prédios, shopping, bares e restaurantes, é uma das localidades que sofre constantemente com as chuvas. Isso acontece pois o espaço, um dos mais valorizados no município, já abrigou o rio salgado. Para o professor Pedro Braga, do curso de Engenharia Civil da UNINASSAU Juazeiro do Norte, a falta de planejamento urbano tem um papel significativo no aumento dos alagamentos, pois gera sobrecarrega dos sistemas de drenagem existentes e aumento do escoamento superficial.
Para reduzir os impactos, seria necessário um planejamento estratégico, que atendesse as necessidades da população, promovendo bem-estar, lazer, segurança e mobilidade. Dessa forma, o ideal é que fossem projetadas e implementadas drenagens mais eficientes, como canais e sistemas de escoamento pluvial, bem como técnicas de infraestrutura sustentáveis e pavimentos permeáveis que ajudam no escoamento da superfície e aumentam a absorção de água pelo solo, especialmente em áreas propensas a inundações.
Para Pedro, é dever concomitante entre os habitantes e o poder público traçar medidas para enfrentar os desafios da drenagem urbana e prevenir alagamentos. “Cabe à população evitar ocupar áreas de risco, praticar o descarte adequado de resíduos e, sempre que viável, promover a criação de espaços verdes permeáveis em suas propriedades. Por sua vez, cabe ao poder público a construção e manutenção dos sistemas de drenagem, bem como a implementação de políticas que estimulem o desenvolvimento sustentável e ordenado, juntamente com a preservação e criação de áreas verdes no espaço urbano”, afirma.