Com o título “Um ogro aos relinchos”, eis o artigo do advogado e contista Fabrício Moreira da Costa, que faz críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu negacionismo diante da gravidade da pandemia do novo coronavírus. Confira:
Tenho os meus! Meus parentes, minha mãe, meus amigos, meus clientes e meus parceiros.
Tenho meus sonhos, meus valores, meus carinhos e, principalmente, minhas emoções.
Foi com profundo pesar que vi o Presidente da República do Brasil negar tudo o que se está fazendo para salvar os meus, os nossos!
Outro dia, subindo a Serra do Camará, de onde vieram os Nunes, fui encontrando velhos rostos, enrugados, vincados. Mas felizes!
Pessoas idosas, simples, do povo, da gente. Pessoas que criaram filhos e hoje acalentam netos e relembram sonhos e desejos.
A cada metro da subida, até lá no alto, onde o pico do morro separa as duas bandas e onde a Serra faz cóssega na barriga do céu(como disse o poeta), fui imaginando a vida.
Os idosos que precisam contar suas histórias e deles precisamos para saber o que houve, têm que ser protegidos, acalantados e afagados.
Difícil aguentar a insensatez de um mandatário perdido na ilusão do absolutismo.
Difícil não registrar o mal estar com seu comportamento pobre, ridículo, estúpido e ignorante.
Sou homem cumpridor de leis e observador dos direitos. Sou homem trabalhador que honra pai e mãe e que,jamais até aqui, desrespeitou a autoridade ou promoveu a desobediência civil.
Hoje, mais que tudo, não mais lamento o desastre das falas do Presidente da “gripezinha e do resfriadozinho”, apenas sinto pena do país que, isto é, da banda do país que nos legou isso aí e nos promoveu por atos inconsequentes 300 mil mortes.
Quando alguém articula contra a vida pelo capital, não há mais o que dizer que não seja ora idiotice, ora estupidez, ora uma imensa dó do nosso povo.
Estou perplexo, pesaroso, triste, e, com o povo que pensa, enojado!
Fabrício Moreira da Costa
Advogado e contista
Foto: Sérgio Lima/AFP