O médico Alexandre Coutinho Soares, baleado na noite de segunda-feira, 6, em uma abordagem da Polícia Militar na cidade de Pacajus, Grande Fortaleza, afirmou ter achado que os policiais que o perseguiam eram assaltantes. A vítima teve alta, mas espera fazer uma cirurgia para retirada da bala que ficou alojada na coluna.
Segundo o médico, não era possível identificar, como veículos da PM, as duas motocicletas pretas que o perseguiam. “Não dava pra saber que era policial, pois não tinha sirene nem luz intermitente. Como não consegui identificar, achei que fossem assaltantes que estavam atrás de mim para parar o carro. Daí, eu acelerei”, lembrou. “Eles buzinavam e davam jogo de luz mandando eu parar, mas não dava pra saber que eram policiais”, ressaltou.
O médico seguia para o trabalho, no hospital municipal de Pacajus, quando começou a ser perseguido por policiais. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), os agentes realizavam buscas por um veículo com as mesmas características e números iniciais da placa do carro da vítima, que estaria sendo utilizado para a prática de roubos na região de Horizonte e Pacajus. Os policiais foram informados, via rádio, de que um o veículo suspeito estava sendo perseguido por uma viatura na localidade de Dourado, em Horizonte, e fugiu em direção à Pacajus.
Coutinho conta que chegando próximo ao hospital, um dos policiais atirou contra o carro e ele foi atingido nas costas. Após perceber que havia sido baleado, acelerou ainda mais em direção ao hospital e, ao chegar, desceu do veículo e viu os policiais. “Quando desci, eu coloquei as mãos na cabeça e me identifiquei como médico. Eles me revistaram e perceberam que eu não era assaltante. Como eu já estava no hospital, entrei para ser atendido e eles seguiram”, disse.
Bala alojada
O médico Alexandre Soares recebeu os primeiros atendimentos no hospital de Pacajus e depois foi transferido para o Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza.
Após passar por um procedimento hospitalar, a vítima foi liberada e está em casa. Ele ainda deve passar por uma cirurgia para retirar a bala que ficou alojada na coluna. “Graças a Deus eu estou bem. Foi um grande susto, mas ainda bem que não aconteceu o pior”, disse.
O médico registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal dolosa na Delegacia de Horizonte.
Investigação
Em nota, a SSPDS informou que dois policiais da Força Tática de Apoio (FTA) da Polícia Militar se envolveram no ocorrido. Conforme a pasta, após a ocorrência, o policial que efetuou o disparo se dirigiu à Companhia Militar de Pacajus e, em seguida, ambos se apresentaram espontaneamente na Delegacia Metropolitana de Horizonte. A pistola usada pelo PM que atirou, de calibre ponto 40 e com 29 munições, foi apresentada e ficou apreendida.
Um procedimento interno foi aberto na Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) para a apuração dos fatos conforme a Justiça Militar Estadual. A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) já tomou as providências no sentido de encaminhar o caso para apuração administrativa disciplinar e solicitou o encaminhamento do inquérito policial para a Delegacia de Assuntos Internos.
Repórter Ceará – G1