Home Terezinha Oliveira Pontes no “Coração do Ceará”

Pontes no “Coração do Ceará”

Ao ler “Lá Nas Marinheiras e Outras Crônicas”, o primeiro livro do jovem escritor Bruno Paulino, fiquei marcada por sua forma poética ao se referir à antiga ponte da Rede Ferroviária em duas de suas crônicas, cada uma centrada em visitantes ilustres que passaram em nossa Cidade, em épocas diferentes: Manuel Bandeira e Ariano Suassuna. Guardei as palavras de Bruno “…caminhar sobre a ponte `na espera do trem que n(o)s transportaria no tempo. O viver é travessia …” (pag. 42) e a expressão que mais me tocou “…é que ela agora virou travessia de sonhos…” (pag.22)

E de repente me deparo com a Arte de Tarcísio Filho, onde a técnica permitiu que o Fotógrafo comprovasse sua grande perspicácia e sensibilidade ao enquadrar em bela imagem o nosso Rio e seus pontos de ligação entre as margens opostas. Digo então que neste artigo não estou sozinha; nossas “Pontes” me levaram ao Bruno, Tarcisinho, Marcos Caetano e ao Vice-Prefeito Edmilson Jr.

Assim como o corpo humano, os espaços urbanos são suscetíveis às intervenções cirúrgicas para as Cidades crescerem saudáveis e atendendo bem aos seus habitantes. Outras demandas são impactantes muito além da Cidade e envolvem múltiplos interesses, como foi o caso do surgimento da centenária “Ponte Da Estrada e Ferro” em nossa Cidade. Os trilhos que permitiam o escoamento da produção, o abastecimento do Município e o deslocamento das pessoas chegaram a Quixeramobim em 1894, nos ligando à Capital e seu Porto. Mas a Linha Férrea deveria chegar ao sul do Estado e para isso precisava transpor o Rio Quixeramobim; a concretização dessa meta aconteceu em fevereiro de 1899, com a montagem das peças vindas da Bélgica para compor a majestosa Ponte, tornando viável o avanço do Trem em direção ao Cariri.

Uma oficina da RVC se instalou logo após a Ponte e motivou o surgimento de moradias na margem direita do principal curso d’água local. Os ferroviários que moravam no Centro da Cidade se deslocavam em pequenos veículos sobre os trilhos. A população que precisava atingir a margem oposta caminhava pelo leito o Rio quando as águas baixavam, ou enfrentavam os riscos de se equilibrar nos dormentes da Ponte. Nas cheias era comum a travessia em canoas. Por muitas décadas essa era a rotina dos que habitavam “no outro lado do Rio”; a Maravilha se consolidava; fixavam-se famílias junto ao Depósito e mais moradias deram origem ao Jaime Lopes. Todos enfrentavam o mesmo obstáculo: se deslocar até o Centro e outros bairros da Cidade. No início dos anos 60 a Ponte Rodoviária da CE-060 (ponte da Barragem) era uma alternativa, mas ficava muito distante da Maravilha. O problema é equacionado em maio de 1982 com a Ponte da Maravilha obra do Governo do Estado (data informada pelo historiador Marcos Caetano)

Nos anos 90 a Cidade perdeu os trilhos e deixava de ouvir o apito do trem, cujo trajeto fora desviado para área periférica onde foi construída a nova ponte ferroviária, inaugurada em 13/03/1990. Findaram as animadas chegadas e partidas na bela Estação e a imponente Ponte do Trem se torna a conexão para pedestres que se deslocam entre as duas margens, em busca dos seus objetivos.

A contínua expansão da Cidade em população e área física requer atento olhar e efetivas soluções. Em 2008, o então Gestor Edmilson Jr. empreende uma obra que dá nova feição às margens do Rio e possibilita a conexão fácil e segura do populoso Jaime Lopes com as demais áreas da Cidade com a obra da Passagem Molhada. Mas o Projeto não se restringiu ao vínculo entre dois pontos; está associado ao resgate e embelezamento de área que margeia o Rio Quixeramobim, no trecho posterior à Barragem. Falo da Via Paisagística onde os moradores de qualquer bairro realizam práticas esportivas, além de muitas opções de entretenimento.

A foto que abre esse texto mostra em sequência: a Passagem Molhada, a centenária Ponte de Ferro, a Ponte da Maravilha e a Ponte Ferroviária atual.

Entre todas estas, a mais antiga se tornou um ícone de Quixeramobim; por sua história e beleza arquitetônica inspira os artistas. É local ideal para registros em vídeos e outras imagens. Bruno Paulino atentou sobre os transeuntes que vão em busca de realizações e Tarcisinho captou incríveis momentos neste cenário.

Fotos: Tarcísio Filho

Para conferir mais artigos na coluna de Terezinha Oliveira, clique AQUI.

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