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A voz que ecoou das ruas

Fazia tempo que as ruas não falavam em tão alto e bom som. Não que sempre elas representem toda a vontade de um povo; as vezes, se infladas por certas falácias, as ruas gritam alto também, mas dessa vez a voz que saiu foi de luta e foi de luto. A garganta estava seca de tanto engolir, dia após dia, milhares de mortes, a incompetência e a desumanidade que paira sobre esse país.

Desde pequeno escuto uma frase que achava ser bem verdade; até virou uma brincadeira quando, em 2013, Mario Bergoglio foi eleito Papa. Diziam: “O Papa é argentino, mas Deus é brasileiro”. Nos últimos anos eu não me questionava se Deus era realmente brasileiro, mas sim se ele não nos teria abandonado. De um povo tão esperançoso no futuro, para um país de terra arrasada. Creio que ele não esqueceu de nosso povo, mas queria que percebêssemos, por nós mesmos, suas mensagens e apelos. Das mesmas ruas que tantas vozes gritaram em 2013, 2015, 2016 e2018, ecoaram as outras tantas que estavam silenciadas desde então.

Sequestraram nossa bandeira, nossas cores, nossos símbolos. É hora de os resgatarmos e mostrarmos que o Brasil não é um laboratório a céu aberto. O Brasil é a terra de um povo trabalhador, que sonha, corre atrás, e não aguenta mais tanta ingerência e corrupção. Nem nossos mortos eles nos dão o direito de chorar; nem em uma pandemia nos dão o direito de viver. Se quem sempre bradou para que ficássemos em casa teve de colocar máscara em cima de máscara e ir para a rua gritar, é sinal que esse país está à deriva, e que somente seu povo poderá colocá-lo no rumo novamente.

A voz que ecoou das ruas deixou seus recados claros, por mais que o Estadão, A Globo e tantos outros veículos de comunicação tentem esconder: o povo quer vacina, pão, misericórdia e um impedimento -ou impeachment, para quem preferir. Como diz uma fotomontagem atribuída as ideias do atual mandatário da República no Twitter: “O povo é soberano, quando ele pede impeachment, é porque o governante só faz [palavra censurada cujo sinônimo é aquilo que o Bolsonaro faz quando abre a boca]”.

Fico feliz em voltar a escrever falando sobre isso. Que seja só o primeiro dia do fim desse e de tantos crápulas.

Uma ótima semana, classe trabalhadora.

Esta coluna tem a pretensão de ser colaborativa. Se crê que algum tema da política e dos acasos sociais são de grande relevância, entre em contato, terei o prazer de discuti-los com você e, a depender da conversa, virar assunto de nosso espaço.

Foto: Mídia Ninja

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