Cirilo Pimenta goza de possuir ampla base aliada dentro da Câmara de Quixeramobim para chegar ao ponto de modificar o orçamento vigente e realocar recursos dentro de determinadas Secretarias. Em outras circunstâncias e com boa parte dos parlamentares que não funcionassem como ‘abençoadores’ das medidas do Executivo, a sessão da última quarta-feira, 25, teria se tornado uma discussão pela cobrança de transparência por parte da administração.
Para os que não sabem, a Prefeitura solicitou a realocação de recursos, no total de R$ 500 mil, de quatro secretárias. Foi tirado um pouco de cada uma, a fim de formar o montante. O dinheiro foi destinado para outras pastas. Das quatro, uma ainda permaneceu com o valor que estava, outra teve o valor acrescido e uma teve o recurso reduzido, que foi o caso da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos, que viu R$ 123.270,00 serem retirados do setor de obras de barragens e poços, em um época do ano que exigirá ainda mais ações como estas, ficando apenas com R$ 15 mil para outra medida.
Cada orçamento público tem os valores muito bem discriminados, para preservar a transparência. No entanto, a gestão municipal se reservou a justificar cada um dos recursos realocados a palavras e termos como “ação/ações de manutenção” e “locação de mão de obra”, sem dar mais detalhes. Para qualquer parlamentar, meia palavra não contada basta para não aprovar tal projeto, em tese. Na prática, o que se viu foi simplesmente a leitura do PL, a fala de François Saldanha para iniciar a votação, a oposição de Eugênio Gomes e a entrega do passe verde para a Prefeitura fazer a movimentação do dinheiro.
Quem viu, espera que a Prefeitura faça bom uso dos R$ 500 mil, mas aguarda uma explicação para que o dinheiro vai servir, detalhadamente, em um município onde a Assistência Social é manca e a saúde deixa faltar medicamentos que são entregues gratuitamente à população, em um claro sinal de falta de zelo e responsabilidade.
A aprovação do Projeto do Executivo por parte da Câmara serviu, principalmente, para mostrar que quando for necessário ter recursos para determinado empreendimento, que a Terra vire do avesso, mas a Prefeitura terá. Nesse caso, é bom lembrar, com uma pergunta: onde estão os kits de merenda escolar? É desgastante ficar cobrando providências de quem sabe seu dever e, principalmente, honra à palavra mencionada, porque, quando anunciada, a promessa era de contemplação com alimentos a cada dois meses, e já se passaram cinco meses desde a última entrega. Para uma gestão experiente em administração pública, questões assim não deveriam estar in voga neste momento.
Há quem diga que a reclamação de um cidadão sobre quixeramobinenses que estão passando por necessidades é uma fala “orquestrada”, como mesmo pontuou o vereador Adonilson da Paixão. No entanto, o parlamentar desconhece a realidade de sua cidade e se limita a jogar a culpa para a gestão anterior, que nada mais pode fazer para resolver o problema de quem, hoje, passa fome. Afinal, quem está no poder é Cirilo, e não Clébio. O vereador, que alega não haver problemas em sua comunidade, expõe o erro de sua própria fala, ao relatar que sua assessora realiza a marcação de exames, quando a ação deveria ser feita pela Secretaria de Saúde. Assessoria parlamentar serve e é paga para acompanhar o vereador em seu trabalho e não para realizar atividades que competem a uma outra área.
No mais do otimismo, Quixeramobim segue aguardando por cenários que não sejam pessimistas, onde as Secretarias da gestão atuem em prol da população e não joguem a responsabilidade para os meios de comunicação, a fim de se eximirem da culpa por não executarem os trabalhos que lhes são designados. Os relatos não mentem e enquanto a administração pública e os vereadores da base aliada não se mostrarem solícitos a resolverem empecilhos evidentes, não faltará quem comente que na cidade há fome e muitas outras questões a serem solucionadas.
A gestão, posta como está, tem tudo para ser eficiente. No entanto, falta a responsabilidade, a atenção, o bom senso e a força de vontade. Com a atual falta de eficiência, não será realocando recursos que os problemas da cidade serão atenuados.
(Foto: Divulgação/Ascom)
Editorial do Repórter Ceará