Maio é o Mês de Maria, das Mães, das Noivas (futuras Mães), do Lar e das Famílias. É o Mês do Coração e o Mês do Trabalho em seu dia primeiro. Minha Mãe foi uma Maria de Maio. O compositor e jornalista Ary Barroso escreveu e musicou uma linda canção que se inicia assim: “Maria o teu nome principia na palma da minha mão e cabe bem direitinho dentro do meu Coração”. Gosto desse verso, pois lembro de minha mãe. Maria Perpétua no teu ventre fui gerada, no teu aconchego fui formada, acostumando a te ouvir rezar para outra Maria, a Virgem Mãe de Jesus. Em 07 de Maio de 1922, você nasceu, em outro Maio nos deixaste, no dia da Coroação de Maria Santíssima. Partiste serena como sempre viveste, com a tranquilidade da missão bem cumprida como Mãe e Mestra, Magnânima e de Mãos hábeis na Arte do bordado e do crochê.
Teu coração bondoso sentia-se feliz em ajudar a quem te procurava, mas tuas maiores alegrias vinham das notícias sobre sucessos dos ex-alunos e das visitas desses filhos de outras famílias que voltavam para te agradecer. Porque ser Professor(a) é ter a certeza de que tudo terá valido a pena, se o aluno sentir-se feliz pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou. No grupo Assis Bezerra, no Patronato Nª Sª de Fátima e em sua escola, anexa à nossa casa, você “plantava” todo dia, criava sonhos, pois ser professor (a) é escrever a história do futuro. Tu deixavas marcas e os transformavas e sempre foi lembrada. Isso valia bem mais que os vencimentos. Como diz Gabriel Chalita, “ser professor é semear em terreno fértil e se encantar com a colheita. Ser Professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes”. Quixeramobim deve à Mestra Nenen Pereira a formação de grandes professores que no Colégio Estadual Andrade Furtado iniciaram novas histórias de sucesso: Marum Simão, Zé Gaspar, Elza Coutinho, Zé Artur Costa, Valmir Cardoso, entre outros que abriram oportunidades aos mais novos. No Assis Bezerra ficaram a Leonor Fernandes Leite, Lelé Martins e Neuza Calixto seguindo suas pegadas. Outros foram integrar o corpo docente de Universidades, como o Gilberto Thelmo Sidney Marques, que ocupou cargos diretivos na Univ. Estadual do Ceará. Ela deu uma base sólida para que seus pupilos fossem vencedores no caminho escolhido: na política, como Alfredo Machado; arquiteto e compositor Fausto Nilo, médicos, agrônomos, advogados, militares, bancários e tantos outros profissionais que tinham em comum o afeto e a gratidão à antiga professora. Hoje recebo o carinho de muitos de seus ex-alunos que também sentem saudades da mestra. Essa eterna lembrança pode ser explicada nesta expressão:
“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais razão não morre o Educador que semeia a vida e escreve na alma.” (Bertold Brecht)
Além da capacidade de ensinar, você foi exímia artesã. Criava lindas peças em tecidos presos ao bastidor, onde as agulhas eram pincéis e as linhas a aquarela que faziam surgir os desenhos comandados por seu talento. A perfeição estava na semelhança do avesso com o direito e finalizando, emoldurava com a barra de crochê e logo eram vendidas. A habilidade do crochê veio como terapia, para ajudar a conviver com dois anos do tratamento do filho que faleceu em um triste dezembro, perda que enfrentou sem revolta, sempre fortalecida pela FÉ em Jesus Cristo e Sua Santa Mãe.
Concluo com palavras da minha filha sobre a avó amada:
“O melhor bordado que você deixou, vó, foi aquele costurado com fé e afeto, pontuando tantos momentos simples e singelos, enfeitando nosso coração.” (Maíra)
Foto: Arquivo/Terezinha Oliveira
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Minha amiga, que bordou as roupinhas de meu segundo filho .Ainda guardo com muito carinho algumas delas. Com muita ousadia digo que fomos construtoras deste Brasil amado.