Denúncias de assédio moral ou sexual recebidas por ouvidorias de órgãos do governo federal praticamente dobraram nos primeiros seis meses deste ano. A informação é do Metrópoles
Entre 1º de janeiro e a última quarta-feira, 29/6, foram registradas 704 denúncias desses tipos, segundo dados de painel da Controladoria-Geral da União (CGU) analisados pelo portal Metrópoles. Isso equivale a cerca de quatro queixas por dia.
Desse total, 545 tratam de assédio moral e 85 de assédio sexual.
Somente no governo de Jair Bolsonaro (PL) – ou seja, desde 1º de janeiro de 2019 –, há registro, até agora, de 2,7 mil manifestações de assédio sexual ou moral. Dessas, 2,3 mil foram respondidas, 106 estão em tratamento e 250 restaram arquivadas.
Apenas duas foram encaminhadas para órgão externo, de acordo com o painel.
Em seguida, aparecem no ranking a própria CGU (105), o Ministério da Educação (103), a Universidade Federal de Goiás (81), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (65) e o Ministério da Saúde (62).
Assédio na Caixa
Desde o início da série histórica, não há registros, contudo, de denúncias de assédio moral e sexual no âmbito da Caixa Econômica Federal.
A CGU e o banco foram procurados para esclarecer essa suposta falta de dados.
A Caixa informou que as denúncias não são mais abertas naquele canal desde 2019, tendo em vista que o banco contratou um Canal de Denúncias externo, operacionalizado pela Contato Seguro, “empresa especializada, com atendimento realizado por profissionais especializados, via sistema informatizado, com controle de acessos e trilha de auditoria, visando assegurar irrestrito sigilo e confiabilidade aos usuários, obedecendo às melhores práticas de governança”.
A CGU não se manifestou sobre o achado. O espaço segue aberto.
Um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Todas elas trabalham ou atuaram em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando.
A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação que está em andamento, sob sigilo, no MPF.
Repórter Ceará (Foto: Daiane Mendonça)