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Editorial: Eleição também virou assunto de família

Na fase final de uma das disputas eleitorais mais importantes desde a redemocratização, alguns candidatos começaram a correr para conseguir votos que os levem para os pretensos cargos. O principal cabo eleitoral desses votos têm sido, nos municípios, os prefeitos, mas não se restringem somente a eles. O assunto se tornou parte de várias famílias, as tradicionalmente políticas e as que não são.

O problema está em quem apoiar, já que há situações onde uma única figura tenta fornecer aporte para mais de um candidato. Há caso de sete, por exemplo. Isso, de maneira geral, não efetiva ninguém como cabo eleitoral e só impede a transferência eficiente de votos. Como colocar sete postulantes em um único palanque e dizer que “esse é meu/minha candidato (a)?”.

No entanto, nem tudo se perde. E é nesse ponto que as famílias entram. As mais numerosas e com alguma influência política principalmente. Nelas, irmãos, irmãs, pais, mães, tios e todo o seio familiar se dividem de maneira quase que igual para garantir que determinados candidatos continuem tendo o “apoio da família”, mesmo que ela, em si, não vote nele/nela completamente. Aliás, eles também se tornam cabos eleitorais.

A estratégia é inteligente e promove uma espécie de segurança familiar, já que, se os familiares estiverem divididos entre três candidatos e somente um deles lograr êxito, todos – da família – saem ganhando. É um processo de angariar e manter votos, que visam frutos futuros. Claro, há um preço, e ele varia conforme o interesse.

Tudo isso converge para pontos estratégicos de campanha, que são o diálogo e a própria sobrevivência política – seja da família ou do candidato -, que tenta passar por barreiras ideológicas e até econômicas em prol da vitória nas urnas.

Não somente esses, mas a Comunicação se torna parte essencial nesse processo, mas é muitas vezes esquecida pelos candidatos. Há momentos em que se esquece o poder e a influência que a imprensa possui, e o estrago ou conserto que uma boa entrevista, por exemplo, pode causar.

O fato é que a eleição deixou de ser somente do candidato, do prefeito e da imprensa, e passou a ser, também, negócio de família. Cada um com um propósito. Um procura ser eleito (a), outro procura informar e se manter neutro, outro busca um aliado e um busca os interesses pessoais. Isso só mostra o quanto transferir votos não é tarefa fácil e o quanto conservá-los pode estar sujeito a um preço, que, com certeza, alguns candidatos estão dispostos a pagar.

Editorial do Repórter Ceará

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